A menopausa costuma ser descrita como uma fase de transformações no corpo — e de fato, é.
Mas o que nem sempre se fala com clareza é que essa transição também mexe com a nossa identidade profissional.
Muitas mulheres chegam até aqui se sentindo desconectadas do que fazem. Cansadas de uma rotina que antes fazia sentido, mas que agora parece pesada demais. Ou então se deparam com o medo de “não ter mais espaço no mercado”, como se o valor profissional tivesse prazo de validade.
Existe, inclusive, um mito silencioso que precisamos quebrar: o da aposentadoria emocional. Aquela ideia de que, depois de certa idade, devemos nos recolher, parar de sonhar, de buscar, de contribuir. Como se já tivéssemos feito tudo o que dava pra fazer — e o resto fosse só “manter”.
Mas eu acredito no oposto.
A menopausa pode — e deve — ser o momento de ressignificar o trabalho.
De permitir que ele se transforme em algo mais prazeroso, mais autêntico, mais alinhado com quem somos agora.
Sem as pressões de antes. Sem a cobrança por desempenho a qualquer custo.
Com mais verdade. Mais leveza. Mais sentido.
Pra mim, por exemplo, trabalhar é uma forma de autorrealização.
Não é um tempo desperdiçado — é um tempo que dedico a criar, pensar, fazer o que eu amo.
Claro que não preciso, nem quero, a mesma intensidade de antes. E sim, o ritmo pode (e deve) mudar.
Mas o prazer de seguir ativa continua.
A tecnologia, inclusive, nos abriu portas incríveis.
Hoje, posso atender pacientes em diferentes partes do mundo, sem estar fisicamente presente.
E neste exato momento, enquanto escrevo esse artigo, estou também trabalhando.
Não sou escritora — ainda. Mas amo me comunicar pela escrita. E quero compartilhar com o mundo a minha visão sobre a menopausa, porque eu vivo isso. Porque eu estudo isso. Porque o conhecimento é pra ser dividido.
Atendo mulheres incríveis todos os dias — biólogas, pesquisadoras, gestoras de ONGs, advogadas, executivas.
Tanto talento. Tanto potencial. Tanta potência acumulada que não pode ser desperdiçada nem limitada à obrigação.
Vamos viver muitos anos além do que antes era o “tempo regular” de produtividade.
E isso nos dá uma chance maravilhosa: a de trabalhar de outro jeito, com mais propósito e liberdade.
Claro, há quem ame o que faz desde sempre — e continue amando. E isso é lindo.
Mas o que vejo com frequência é outra realidade:
Mulheres que se sentem desanimadas, desconectadas, mas que não querem parar.
Elas querem seguir ativas — só não do mesmo jeito.
E é para essas mulheres que eu escrevo este artigo.
Pra te lembrar que você não precisa parar.
Você pode apenas mudar a forma de seguir.
Encontrar uma nova paixão. Ou reencontrar a sua.
Talvez reinventar a carreira. Ou apenas ajustá-la ao seu novo ritmo.
Meu convite aqui é pra isso:
Te inspirar a continuar em movimento — também no trabalho — de um jeito mais seu.
Porque a menopausa não é um fim. É uma chance de viver com mais presença, mais coragem e mais prazer.
Uma das grandes surpresas da menopausa é perceber que a nossa energia muda.
Não só a energia física, mas também aquela vontade interna de fazer, de criar, de se envolver.
E isso não tem nada a ver com preguiça ou desânimo gratuito.
Tem a ver com biologia. Com hormônios. Com fases.
O estrogênio, por exemplo, não é só um hormônio “reprodutivo”.
Ele influencia o cérebro, o humor, a motivação e até o quanto conseguimos manter o foco.
Com a queda hormonal, é natural que a gente se sinta mais dispersa, menos empolgada, ou até confusa em relação a coisas que antes nos animavam.
Muitas mulheres me dizem que se sentem meio “desligadas” do que fazem.
É como se aquela chama que antes queimava ali tivesse diminuído.
E eu sempre digo: isso não é o fim. Isso pode ser o começo.
Essa sensação de desconexão com a carreira atual — ou com a forma como ela é vivida — é comum.
E, ao invés de ser vista como um fracasso, pode (e deve) ser acolhida como uma oportunidade de renascimento.
Talvez o que precisa mudar não é o trabalho em si, mas o jeito como você se relaciona com ele.
Talvez o que te movia antes não é mais o que te move hoje — e tudo bem.
A maturidade nos convida a revisar propósitos com mais honestidade.
Nem sempre a resposta aparece com clareza. Às vezes ela vem em forma de sinais sutis, mas insistentes:
Se você tem sentido algo assim, saiba: você não está sozinha.
E não, isso não significa que você está “velha demais” ou “fora do jogo”.
Significa que você está amadurecendo com consciência — e isso é potente demais para ser ignorado.
Talvez seja a hora de ajustar a rota.
Ou simplesmente mudar o ritmo.
Ou até mergulhar em algo completamente novo.
O importante é entender que quando a energia muda, o propósito também pode (e merece) mudar.
E isso não é um sinal de crise — é um sinal de evolução.
Há uma força poderosa em continuar em movimento.
E aqui, não estou falando só de corpo — estou falando da mente, das conexões, da presença no mundo.
O trabalho, quando bem vivido, é uma forma incrível de nos mantermos vivas.
Ele estimula o pensamento, desafia nossas ideias, coloca a criatividade em movimento e, mais do que tudo, nos conecta com outras pessoas e com nós mesmas.
Mesmo quando não estamos mais no mesmo ritmo de antes, mesmo que tenhamos mudado de interesses ou precisemos de mais pausas, o ato de continuar ativas profissionalmente tem valor profundo.
Trabalhar — com propósito, com leveza, com prazer — é também uma forma de cuidar da nossa saúde mental e emocional.
A troca com colegas, pacientes, clientes, alunas, parceiros de projeto… tudo isso mantém nossa mente afiada e nosso coração aquecido.
É mais difícil se sentir sozinha quando estamos envolvidas com algo que nos movimenta.
E há algo ainda mais importante: a autonomia.
Mesmo que o trabalho não seja mais uma necessidade financeira, ele pode continuar sendo um território de liberdade emocional e intelectual.
Manter-se ativa não significa viver na mesma correria de antes.
Talvez agora seja o momento de adaptar a rotina.
De escolher horários que respeitam seu corpo, projetos que te fazem sorrir, pessoas que te inspiram.
Você pode, por exemplo:
Estar ativa não é estar sobrecarregada.
É estar em sintonia com sua fase — e ainda assim em movimento.
Uma das armadilhas mais comuns que vejo mulheres incríveis enfrentando é o pensamento limitante de que não há mais espaço para elas no mercado.
Mas veja: isso não é uma regra. Isso é um mito. E um mito velho, cansado e ultrapassado.
Você não precisa provar nada a ninguém — mas também não precisa se esconder.
Há um mundo lá fora sedento por sabedoria, maturidade, visão, experiência.
E tudo isso você tem de sobra.
Você ainda tem muito o que viver, o que criar, o que expressar.
Estar ativa, em qualquer medida que fizer sentido, é uma forma linda de dizer:
“Ainda estou aqui. Ainda tenho o que oferecer. E estou só começando uma nova fase.”
Gere o texto para a seção do blog.
4. Encontrar uma Nova Paixão Profissional: Sim, é Possível!
Histórias de mulheres que mudaram de carreira depois dos 40, 50, 60.
Como reconhecer suas habilidades naturais e o que te faz vibrar.
O valor da experiência acumulada: tudo o que você viveu antes te preparou para o que pode vir agora.
Durante muitos anos, trilhei uma carreira sólida e gratificante. Foram 17 anos no mercado corporativo (dentro de empresas) fazendo algo que eu gostava, com envolvimento, dedicação e, sim, muitos momentos felizes.
Mas havia algo ali que eu ainda não sabia: a verdadeira paixão ainda não tinha se revelado.
Foi só mais tarde, que a nutrição entrou na minha vida — e entrou como um reencontro.
Mas não um reencontro com uma profissão. Foi um reencontro comigo mesma.
Fruto de um processo profundo de autoconhecimento, conduzido por terapeutas maravilhosos que me ajudaram a mergulhar no que havia de mais verdadeiro dentro de mim.
Não foi uma escolha impulsiva. Foi algo que brotou lá do fundo do meu ser, com força, com clareza e com aquele tipo de certeza que não precisa de justificativa racional.
Foi um caminho que floresceu de dentro pra fora, cheio de coerência, afeto e sentido.
Hoje, quando olho pra minha trajetória, vejo que meu signo de Câncer já apontava esse chamado: o cuidado, o acolhimento, o desejo genuíno de nutrir o outro — em todos os sentidos da palavra.
Mas algo lindo também aconteceu nesse processo: descobri que sou comunicadora.
Tenho um universo de assuntos que fervilham em mim, e hoje, mais madura, reconheço que sou, sim, multitarefa — e que isso não é uma sobrecarga, é uma potência.
É desse lugar que nasce esse desejo de compartilhar, de escrever, de falar com o mundo.
De transbordar.
E é por isso que digo, com o coração tranquilo e cheio de entusiasmo:
não é tarde para mudar. Não é tarde para crescer. Não é tarde para florescer.
Se o mundo espera que a gente desacelere…
Bem, talvez seja hora de surpreender o mundo.
Essa é apenas a minha história.
Você tem a sua.
E se ela estiver pedindo por uma nova direção, saiba: há caminho. E você pode construí-lo com calma, beleza e propósito.
Nem toda mudança precisa ser drástica.
Nem todo recomeço precisa começar com um salto.
Às vezes, o que a gente precisa mesmo é dar um passo pequeno — mas com presença.
Se você sente que algo precisa se transformar na sua vida profissional, mas ainda não sabe por onde começar, minha sugestão é: comece por onde há curiosidade.
Porque onde há curiosidade, há vida pulsando. E onde há vida, há caminho.
Voltar a se movimentar no trabalho não exige pressa.
Mas pede escuta.
E coragem para sair um pouco do lugar onde tudo parece “resolvido demais” — mas que, por dentro, não pulsa mais.
Se você der esse pequeno passo com sinceridade, o próximo vem com mais clareza.
E, de repente, você está em um novo caminho — com mais alma, mais significado, mais você.
A ideia de que precisamos parar quando chegamos à maturidade é uma construção ultrapassada — e muitas vezes cruel.
Ela não respeita o tempo da alma, nem o ritmo interno de quem, na verdade, ainda quer seguir em movimento, só que de outro jeito.
A menopausa não precisa ser vista como o fim da produtividade, do entusiasmo ou da contribuição.
Ela pode ser, na verdade, o início de uma nova fase de expressão, liberdade e prazer.
E isso vale também para a vida profissional.
Trabalhar com prazer não é privilégio de poucas.
É, sim, uma escolha corajosa.
É escutar a si mesma, perceber o que ainda pulsa, o que faz sentido agora.
É parar de repetir padrões impostos e começar a criar rotas próprias.
Você não precisa ter todas as respostas.
Mas precisa de uma dose de confiança para dar os primeiros passos — mesmo que pequenos — rumo a algo mais alinhado com quem você se tornou.
E veja: essa reinvenção não precisa ser uma ruptura.
Ela pode ser sutil, gradual, cuidadosa.
Talvez você apenas reorganize a sua rotina para trabalhar com mais autonomia.
Talvez reencontre uma paixão adormecida.
Ou descubra algo totalmente novo que nem imaginava gostar.
O importante é entender que se manter ativa não é uma obrigação — é um presente que você pode se dar.
Não para agradar o mundo. Não para se provar.
Mas para sentir que você ainda está viva, conectada, vibrando, contribuindo com algo que te faz feliz.
Eu vejo isso todos os dias no consultório.
Mulheres incríveis, com histórias ricas, que estavam prestes a “desistir” de suas jornadas profissionais — e que, com um pequeno gesto de escuta, abriram caminhos para uma nova paixão, um novo projeto, uma nova missão.
E se você está lendo isso e sentindo um leve incômodo — talvez até uma vontade escondida — eu te digo com toda a sinceridade: confie.
Confie na sua bagagem.
Confie no seu tempo.
Confie no que ainda pode florescer — porque pode.
Que você siga em movimento.
No corpo. Na mente. No coração.
E, sim, na vida profissional também.
Quando o corpo para, ele não apenas deixa de se mover.
Ele também deixa de circular, de eliminar, de modular.
Tudo que deveria fluir — nutrientes, toxinas, emoções, hormônios — começa a se acumular ou estagnar.
A inatividade física impacta diversos sistemas ao mesmo tempo, criando um efeito dominó:
Talvez você já tenha vivido isso na pele:
Depois de dias sem se mexer, a mente parece mais densa, o corpo mais rígido, o sono mais leve ou interrompido.
A motivação desaparece, o humor oscila, e uma sensação de estagnação toma conta do corpo inteiro.
Isso não é imaginação — é bioquímica.
Quando o corpo para, a mente congestiona.
A energia fica represada.
E o simples ato de se mover — mesmo que minimamente — pode reativar sistemas inteiros que estavam adormecidos.
Não é sobre se exercitar para “gastar calorias”.
É sobre se mover para descongestionar a mente, estimular a bioquímica do bem-estar e restaurar o fluxo interno.
Durante muito tempo, o movimento foi associado a desempenho.
Treinar para suar, queimar, modelar.
Fazer exercício como resposta ao exagero, como punição ao corpo ou como ferramenta de controle.
Mas, na menopausa, essa lógica precisa ser revista.
O corpo agora pede outra coisa.
Ele não quer mais ser empurrado — quer ser escutado.
Não precisa mais de intensidade intermitente — precisa de ritmo estável e coerente.
Exercício não é sinônimo de academia, nem de sofrimento.
Movimento não precisa vir com música alta, contagem regressiva ou competição consigo mesma.
O corpo da menopausa responde muito melhor a estímulos consistentes, respeitosos e contínuos.
É como se ele dissesse: “Não quero mais picos. Quero constância.”
Pequenos gestos diários — como caminhar com consciência, espreguiçar ao acordar, mobilizar as articulações ao longo do dia — valem mais que treinos pesados feitos uma vez por semana e com aversão.
Nessa fase da vida, o que sustenta não é mais o excesso.
É o ajuste fino entre energia, intenção e presença.
Na menopausa, menos é mais. E mais vezes é melhor.
É o ritmo — e não a performance — que sustenta a sua vitalidade.
Nem sempre a gente se movimenta para “malhar”.
Muitas vezes, o movimento mais poderoso é aquele que simplesmente nos coloca de volta em contato com o que sentimos.
Esses gestos simples são formas de desbloquear o fluxo interno.
De liberar tensões, emoções represadas, ruídos mentais.
Na menopausa, muitas mulheres sentem como se suas emoções estivessem “presas”.
Uma mistura de irritação, tristeza e inquietação sem nome.
O movimento é uma das formas mais diretas de trazer essas emoções para o fluxo.
Quando você se move:
Isso não é místico.
É neurofisiologia.
Movimentos conscientes ativam áreas cerebrais envolvidas na autorregulação emocional, ajudam a modular o sistema nervoso autônomo e favorecem a liberação de neurotransmissores que trazem leveza e clareza.
O corpo fala antes da mente entender.
E muitas vezes, é pelo gesto que conseguimos acessar emoções que estavam soterradas pelo cansaço ou pela racionalização.
Dançar, se alongar, mover os ombros, abrir o peito, balançar as pernas…
Tudo isso é forma de escutar e expressar.
Movimento, aqui, não é performance.
É regeneração emocional.
É uma forma de dizer: “Eu me vejo. Eu me sinto. Eu me solto.”
Antes de começar a fazer mais, vale observar o que já acontece.
Quantas horas do seu dia você passa sentada, imóvel, olhando telas?
Seu corpo gira em torno de quais movimentos diários — e com que frequência?
Uma ferramenta simples pode te ajudar nesse processo: Um pedômetro, que hoje pode estar no celular ou smartwatch, ajuda a visualizar seu nível real de movimentação.
Não como cobrança, mas como termômetro da sua relação com o corpo em movimento.
Esse tipo de percepção pode te surpreender — e ao mesmo tempo abrir espaço para mudanças viáveis.
Na próxima seção, vamos falar sobre como se movimentar mesmo nos dias em que parece impossível treinar. Porque o que importa não é o treino — é o gesto vivo.
A ideia de “treino” muitas vezes vem carregada de exigência: tempo disponível, disciplina, roupa certa, energia de sobra.
Mas a verdade é que nem todos os dias oferecem essa condição — e isso não deveria ser um obstáculo para o movimento acontecer.
Especialmente na menopausa, há dias em que o corpo parece mais denso, mais cansado, mais fechado.
E nesses dias, você não precisa “forçar”.
Mas pode, sim, se mexer. De outro jeito.
Respiração em movimento:
Deite ou sente-se confortavelmente e movimente os braços ao inspirar e expirar. Sinta o corpo abrir e fechar com o ar. Isso já é movimento.
Mobilidade articular consciente:
Gire ombros, punhos, tornozelos e quadris com leveza. São movimentos sutis, mas que ativam a circulação e a percepção corporal.
Toque ativo:
Passe as mãos pelo próprio corpo com intenção: palmas nas coxas, nos braços, nas costas. É uma forma de acordar a pele e o sistema nervoso.
Yoga restaurativa ou posturas de relaxamento:
Permita-se ficar cinco minutos numa postura confortável, com apoio e respiração consciente. É reparador e energizante.
Essas práticas mínimas já sinalizam ao corpo que ele não foi abandonado.
Elas mantêm o fluxo, estimulam o sistema linfático, acalmam o eixo estresse-inflamação e promovem segurança corporal.
Você não precisa suar para cuidar do seu corpo.
Basta mexê-lo com presença.
Estudos mostram que até movimentos leves e conscientes por 10 a 15 minutos por dia já são capazes de:
Ou seja, se mexer um pouco todo dia é melhor do que treinar forte de vez em quando.
Ótimo!
Se você se encontra num estágio intermediário ou avançado de prática corporal — seja caminhada regular, musculação, dança, Pilates ou esportes — continue.
Mas lembre-se: o corpo na menopausa responde diferente.
Converse com seu preparador físico sobre ajustes específicos para essa fase:
Cada fase da vida pede um plano diferente.
E isso não é limitação — é inteligência biológica.
Mexa-se mesmo nos dias difíceis.
Mexa-se com carinho, com honestidade, com escuta.
O corpo agradece, responde — e floresce.
Quando falamos de menopausa, quase sempre o foco está nos sintomas físicos — ondas de calor, insônia, ganho de peso, alterações de humor.
Mas existe um outro impacto, silencioso, que muitas vezes passa despercebido: a mudança nas relações sociais.
Essa fase da vida também mexe — e muito — com os vínculos que cultivamos (ou deixamos de cultivar).
É como se, aos poucos, alguns papéis fossem se transformando:
Muitas mulheres vivem um tipo de solidão sutil, que nem sempre é visível.
Continuam rodeadas de gente, mas se sentem desconectadas.
Faltam conversas com profundidade. Faltam risadas espontâneas. Faltam encontros em que não seja preciso explicar ou justificar nada — apenas estar.
Como nutricionista especializada em menopausa, vejo isso com frequência.
E quanto mais estudo, mais compreendo que a saúde emocional, a vitalidade e até a resposta do corpo aos tratamentos estão profundamente ligadas à qualidade das relações que cultivamos.
Relacionamentos nutritivos não são luxo — são parte da nossa saúde.
Eles reduzem o estresse, fortalecem o sistema imunológico, protegem o coração, e principalmente, alimentam a alma.
Este artigo é um convite para olhar com mais carinho para a sua vida social.
Para reconhecer o que te sustenta, o que pode ser revisto e o que ainda pode florescer.
Porque a menopausa é uma grande oportunidade de renovação.
E isso inclui também a forma como nos conectamos com o mundo e com as pessoas ao nosso redor.
Quando os hormônios mudam, não é só o corpo que sente — a nossa forma de se relacionar com o mundo também se transforma.
E isso não é fraqueza. É biologia, é contexto de vida, é a sensibilidade se reorganizando.
Na menopausa, muitas mulheres relatam algo difícil de nomear:
Tudo isso tem uma explicação.
A queda de estrogênio e progesterona impacta diretamente o nosso sistema nervoso e emocional.
E o corpo, que antes dava conta de mil tarefas e mil conversas, agora pede mais qualidade, mais presença, mais pausa.
E não… não é preguiça.
Nem falta de interesse.
É necessidade real de vínculos verdadeiros.
Esse cansaço emocional que muitas mulheres sentem — aquela vontade de desaparecer por um tempo — muitas vezes vem da saturação de relações que exigem demais e nutrem de menos.
É o corpo dizendo: chega de dar conta de tudo para todos. Chegou a hora de cuidar de mim.
Mas aqui mora um cuidado: esse recolhimento saudável pode, sem percebermos, virar isolamento prolongado.
E ficar muito tempo desconectada das outras pessoas enfraquece não só o humor, mas também o sistema imunológico, o metabolismo, a clareza mental.
Sim, a solidão crônica afeta o corpo inteiro.
Por isso, é importante aprender a reconhecer:
Relações nutritivas: aquelas em que você se sente vista, acolhida, segura. Onde há espaço para ser quem você é.
Relações drenantes: vínculos que te esvaziam, onde você sai sempre mais cansada do que entrou, onde há cobrança, julgamento ou competição velada.
Como nutricionista que escuta tantas histórias diariamente, posso afirmar: a qualidade dos vínculos faz diferença até na resposta ao tratamento.
Mulheres com relações de apoio costumam dormir melhor, comer melhor, se movimentar mais, aderir com mais leveza às mudanças de estilo de vida.
Ou seja: o cuidado com o corpo começa também pelo cuidado com a rede que o cerca.
A ciência confirma aquilo que, no fundo, a gente sempre soube: relações afetuosas fazem bem — e muito bem — para a saúde.
E isso é especialmente verdadeiro na menopausa, quando o corpo passa por mudanças profundas e precisa de acolhimento em várias camadas.
Diversos estudos apontam que manter uma vida social ativa reduz significativamente o risco de:
Isso acontece porque os laços afetivos regulam nosso sistema nervoso.
Quando você conversa com alguém que te escuta de verdade, quando ri com uma amiga, quando divide um momento leve ou recebe um abraço sincero… seu corpo responde.
O cortisol diminui, a imunidade melhora, os batimentos se equilibram.
É como se você fosse lembrada, mesmo que inconscientemente, de que não está sozinha no mundo.
E essa lembrança muda tudo.
Como nutricionista, percebo o quanto ter alguém para caminhar junto — literalmente ou simbolicamente — melhora a adesão aos cuidados com a saúde.
Muitas vezes, as mudanças alimentares, os treinos, o sono, só engrenam quando a mulher tem uma rede (pequena que seja!) para apoiar, inspirar, acolher.
É por isso que digo com frequência:
Ter com quem conversar, rir, cozinhar, caminhar… pode ser tão terapêutico quanto qualquer suplemento.
Às vezes, até mais.
E não é preciso muita gente.
Basta alguém com quem você possa ser você.
Alguém que esteja ali sem julgamento, sem cobrança, apenas com presença.
Porque o toque, a escuta, a troca — são alimentos emocionais.
E na maturidade, eles se tornam ainda mais importantes.
Existe uma crença muito comum — e limitante — de que amizades verdadeiras só nascem na juventude.
Como se, depois de certa idade, não fizesse mais sentido abrir espaço para o novo.
Mas isso não é verdade.
E aliás, como costumo dizer às minhas pacientes: a maturidade é o melhor momento para cultivar relações mais conscientes, profundas e nutritivas.
Sim, é possível criar novas amizades depois dos 40, 50, 60 anos.
Mas para isso, é preciso romper com a ideia de que “quem é meu amigo já está comigo”.
Porque a verdade é que a gente muda.
E às vezes, o que nos nutria lá atrás não tem mais espaço agora.
Ou simplesmente, a vida levou cada um para um lado — e isso faz parte.
O desafio está em abrir o coração, mesmo com o medo de se frustrar.
Mesmo com a sensação de que “todo mundo já tem seu grupo”.
Mesmo com as feridas emocionais que muitas de nós carregamos de relações que não foram recíprocas.
Cultivar novos vínculos exige vulnerabilidade.
É preciso se mostrar.
Dar o primeiro passo.
Se permitir iniciar conversas, aceitar convites, fazer perguntas, sorrir para alguém que você não conhece — ainda.
E onde tudo isso acontece?
Esses espaços não são apenas atividades. São territórios simbólicos de afeto e pertencimento.
São lugares onde você pode encontrar outras mulheres como você:
Aliás, tenho um exemplo muito próximo e inspirador: minha própria mãe.
Ela se aposentou do trabalho “oficial” aos 60 anos, mas em vez de parar, se reinventou.
Se envolveu com projetos pessoais, entrou para grupos de exercícios, começou a viajar com amigas e explorar novos interesses.
O resultado? Multiplicou seus grupos sociais, suas trocas afetivas e seu entusiasmo pela vida.
É lindo de ver como ela continua construindo vínculos genuínos — com leveza, com alegria, com a liberdade que essa fase pode trazer.
E eu vejo isso acontecer em muitas outras mulheres também.
Porque toda vez que você se permite criar espaço para o novo, algo dentro de você também se renova.
E na menopausa, isso tem um valor ainda maior:
você está se reconstruindo por dentro — e isso merece ser espelhado também nas suas conexões com o mundo.
Quando falamos em vida social na menopausa, a tendência é pensar em “encontrar novas amigas” — e isso, de fato, é maravilhoso.
Mas existe um passo anterior, mais sutil e talvez ainda mais importante:
se tornar uma amiga melhor. Para os outros, sim — mas também para si mesma.
Porque a amizade verdadeira começa na forma como você se trata.
Se você não se escuta, não se acolhe, não respeita seus limites… dificilmente conseguirá construir vínculos saudáveis com os outros.
Na maturidade, amizade não é mais sobre quantidade.
É sobre profundidade, sobre qualidade, sobre estar presente de verdade.
E o que constrói laços verdadeiros?
Afeto também precisa de agenda.
Não é banal marcar um café, uma caminhada, uma ligação semanal.
É cuidado.
É investimento.
É reconhecer que aquilo que sustenta a alma precisa de tempo e espaço.
Na correria do dia a dia, as boas intenções escorregam.
Por isso, criar pequenos rituais — como um almoço por mês, um encontro quinzenal, ou até um grupo de mensagens com propósito afetivo — pode manter vivas conexões que fazem bem.
E mesmo com rotinas diferentes, é possível manter vínculos.
Não precisa falar todo dia.
Mas precisa lembrar que está ali. Que importa. Que sente falta. Que quer bem.
No consultório, vejo como essas pequenas ações transformam a energia das mulheres.
Às vezes, uma amizade retomada, um grupo criado ou um hábito social resgatado muda completamente a forma como a paciente vive a menopausa.
Porque o afeto não é só um luxo da juventude.
É parte da nossa saúde emocional — e precisa ser cuidado com intenção e delicadeza.
Nem todas as conexões que temos ao longo da vida foram feitas para durar para sempre.
E uma das grandes lições da maturidade é entender que relacionamentos também têm ciclos — e que tudo bem quando alguns chegam ao fim.
Às vezes, o processo de amadurecer inclui se afastar de quem não caminha mais com você.
E isso não significa desamor.
Significa apenas que você está em outro momento, com outras necessidades, outros valores, outra frequência.
Na menopausa, essa transição fica ainda mais evidente.
É uma fase em que muitas mulheres começam a olhar para dentro com mais atenção.
E ao fazer isso, percebem que algumas amizades não se renovaram… que certas relações familiares deixaram de ser acolhedoras… que vínculos antigos, apesar da história, hoje causam mais dor do que nutrição.
E aí vem o luto.
Sim, porque romper ou se afastar de uma relação significativa é um tipo de perda.
Mesmo que não tenha briga, mesmo que a decisão seja consciente.
É o luto por aquilo que foi.
Pelo que poderia ter sido.
Pelo espaço afetivo que aquela pessoa ocupava na sua vida.
E esse luto precisa ser vivido com dignidade.
Com permissão para doer, sem culpa.
Com respeito ao que foi bom, sem forçar a continuidade do que já não é mais.
Criar novas relações não exige esquecer as antigas.
Mas exige acolher o que mudou.
É reconhecer que algumas pessoas fizeram parte da sua história — e foram importantes naquele tempo.
Mas agora, o seu novo ciclo pede outros tipos de trocas.
Pede mais leveza. Mais verdade. Mais reciprocidade.
E isso não é egoísmo.
É autocuidado.
É maturidade emocional.
É entender que, para florescer, às vezes é preciso deixar ir o que já não sustenta suas raízes.
No consultório, vejo como essas rupturas muitas vezes abrem espaço para vínculos mais autênticos e amorosos.
Dói, sim.
Mas também liberta.
Antes de buscar por mais amigos, mais encontros, mais vínculos…
É importante fazer uma pausa e olhar para dentro:
Você está em relação consigo mesma?
Porque toda relação social começa na relação interna.
Se você não se escuta, não se acolhe, não se respeita, é provável que também permita relações externas que não te respeitam.
A menopausa nos oferece esse convite poderoso:
olhar para si com mais verdade.
Reconhecer feridas, honrar histórias, silenciar expectativas alheias.
É uma oportunidade única de voltar para dentro — e começar (ou recomeçar) a construir um relacionamento de afeto com você mesma.
E isso passa por algo que nem sempre nos ensinaram a praticar: a autocompaixão.
Não se trata de autoindulgência ou de “passar a mão na cabeça”.
Autocompaixão é aquela voz interna que diz:
“Você está fazendo o melhor que pode.”
“Está tudo bem descansar.”
“Você merece cuidado, mesmo quando não dá conta de tudo.”
E sabe o que é mais bonito?
Quando a gente aprende a se tratar com gentileza, começa a atrair pessoas que fazem o mesmo.
Relações mais leves, mais respeitosas, mais verdadeiras nascem naturalmente desse campo interno de amor próprio.
E aqui vai um ponto importante: estar só não é sinônimo de solidão.
Você pode, sim, viver momentos maravilhosos na sua própria companhia.
Pode dançar na sala, preparar um café do jeito que gosta, fazer uma caminhada observando o céu, ouvir sua playlist favorita com fone e alma…
Tudo isso é relação. Relação com você.
O silêncio, tantas vezes temido, pode se tornar um espaço fértil de conexão verdadeira.
É nele que você escuta sua intuição.
É nele que você percebe o que sente de verdade.
É nele que, muitas vezes, surge aquela clareza suave sobre o que te faz bem — e o que não faz mais sentido.
Como nutricionista que acompanha mulheres na menopausa diariamente, posso afirmar com toda convicção:
cuidar da sua relação consigo mesma muda absolutamente tudo.
Seu apetite muda, sua energia muda, sua forma de se mover no mundo muda.
Porque, no fim das contas, é com você que você vai passar a vida inteira.
E essa pode ser — se você permitir — a amizade mais transformadora de todas.
Ao longo deste artigo, falamos de algo que muitas vezes é negligenciado quando o assunto é saúde na menopausa: os vínculos.
Mas a verdade é que nenhuma mulher floresce sozinha.
Especialmente em uma fase de tantas transformações internas, estar cercada por relações que nutrem, que escutam, que acolhem — faz toda a diferença.
Relações que nos dão permissão para sermos quem somos.
Que não nos exigem máscaras, que celebram nossas redescobertas, que nos lembram do quanto ainda há para viver — com verdade, leveza e alegria.
As conexões afetivas são um dos pilares invisíveis da longevidade saudável.
Sim, elas influenciam o metabolismo, o humor, a resposta ao estresse, o sono, a adesão aos cuidados com o corpo.
Mas, acima de tudo, elas fazem a vida pulsar.
Por isso, fica aqui o convite:
Nem todas as relações serão para sempre. E está tudo bem.
Algumas vêm só para um trecho da caminhada.
Mas há outras que duram a vida inteira — e às vezes, começam justamente agora.
Movimento também é afetivo.
É se colocar em circulação, não só nos espaços físicos, mas também nos espaços de troca, de afeto, de escuta.
É sair do automático, do isolamento, da sensação de que “ninguém me entende”.
É se permitir ser vista — e enxergar o outro com o mesmo cuidado.
No fim das contas, viver com presença é viver em relação.
E a menopausa, longe de ser um fim, pode ser o reinício de laços mais profundos, mais leves e mais autênticos — consigo mesma e com o mundo.
Você merece isso.
E está em tempo de cultivar tudo o que sustenta a sua alegria de viver
A menopausa costuma ser vista apenas como uma fase de perdas. Mas, na prática — e na escuta que tenho todos os dias com mulheres incríveis — o que percebo é que ela é, sobretudo, uma fase de transição. Um momento profundo de questionamento e reconexão. É como se, em algum ponto da jornada, fôssemos convidadas a revisitar o que realmente importa. E, com isso, surge uma pergunta poderosa: onde ficou o meu prazer de viver?
Muitas de nós, ao chegarmos nessa fase, sentimos que o prazer foi sendo engolido pela rotina, pelos sintomas, pelas pressões diárias. As responsabilidades se sobrepõem às vontades. E o que antes nos fazia vibrar, simplesmente vai perdendo espaço.
Passamos décadas correndo. Dando conta de tudo. Cumprindo tarefas e papéis — muitas vezes sem parar para perceber o que de fato nos faz bem. É comum se desconectar do sentir. E, quando percebemos, estamos vivendo no automático, com um corpo cansado e uma alma um pouco esquecida.
Este artigo é um convite ao resgate. Um chamado gentil para voltar a si. Para se escutar com mais presença, se acolher com mais verdade, e se reconectar com o que pulsa.
Prazer, afinal, é movimento — e é isso que nos mantém vivas.
Aqui, eu também quero te apresentar um conceito que uso muito na minha vida e nos atendimentos: as “pílulas de felicidade”. São pequenas doses de prazer verdadeiro, que abastecem nossa energia emocional no dia a dia. Coisas simples, mas que têm o poder de nos lembrar quem somos e do que gostamos.
A maturidade é, talvez, o melhor momento para ressignificar o prazer. Nas relações, no corpo, no trabalho, na espiritualidade, no autocuidado. E, claro, também na alimentação — que é a minha grande paixão profissional.
Como nutricionista especialista em menopausa, vejo todos os dias o impacto de uma vida desconectada do prazer nas escolhas alimentares. Às vezes comemos por impulso, para aliviar tensões ou preencher vazios. Mas o prazer imediato de uma comida muito saborosa pode não trazer o bem-estar de longo prazo que desejamos.
Prazer de verdade é aquele que sustenta a leveza, a energia, a saúde. Aquele que nos devolve vitalidade para viver a fase madura com plenitude.
E só pra deixar bem claro: eu não sou terapeuta, nem tenho essa pretensão. Tenho enorme respeito por esse campo — inclusive sou filha de boas terapias (minha mãe e minha irmã são psicólogas!). Mas converso com tantas mulheres, ouço tantas histórias reais e emocionantes, que as reflexões brotam. E também venho de um caminho profundo de autoconhecimento que me inspira a compartilhar tudo isso por aqui.
Espero que, ao longo deste texto, você possa se reencontrar com partes suas que andavam meio adormecidas. E que descubra — ou redescubra — o que realmente te faz feliz.
Porque prazer não é luxo.
É base.
É raiz.
É combustível para viver com verdade.
Quando falamos em prazer, muita gente pensa imediatamente no campo sexual — e sim, ele faz parte. Mas aqui, eu quero ampliar essa ideia. Prazer é muito mais do que desejo ou libido. Prazer é entusiasmo. É brilho no olho. É aquela sensação de estar viva, presente e conectada consigo mesma. É quando algo dentro de você se acende, mesmo em pequenas coisas.
Na menopausa, essa conexão com o prazer pode parecer mais distante — e não é por acaso. As mudanças hormonais que acontecem nesse período afetam diretamente neurotransmissores como a dopamina e a serotonina, que são responsáveis por nos trazer motivação, satisfação e bem-estar.
Você já deve ter sentido isso na pele: coisas que antes te empolgavam, agora parecem meio sem graça. A vontade de fazer atividades que antes eram prazerosas diminui. É como se o prazer escorregasse entre os dedos, e a gente não soubesse bem onde foi parar.
E tem outro ponto importante que eu sempre trago para minhas pacientes: nem todo prazer é igual.
Existe o prazer imediato, que alivia uma tensão na hora — como um doce, uma compra, uma série vista de forma compulsiva. E existe o prazer genuíno, aquele que não só conforta, mas sustenta. O prazer que te traz leveza depois, e não culpa. Que te energiza em vez de esgotar.
Na alimentação, por exemplo, vejo isso todos os dias. Comer algo super saboroso pode trazer aquele alívio momentâneo, mas nem sempre deixa o corpo bem. Já quando escolhemos algo que nutre de verdade, que respeita essa nova fase do metabolismo, o prazer vem junto com disposição, clareza mental e até melhora do humor. E o mais bonito? Com o tempo, o corpo começa a desejar justamente aquilo que faz bem.
A verdade é que, com o passar dos anos, fomos sendo treinadas a colocar o prazer em segundo plano. Primeiro vêm os filhos, o trabalho, as contas, as demandas do mundo. E o nosso bem-estar vai ficando para depois — até que ele se torna quase um luxo.
Mas o prazer não é um luxo. É um direito. E mais do que isso: é um indicador de saúde emocional e energética.
Quando a gente se afasta do prazer genuíno, começa a surgir aquela apatia silenciosa. O corpo fica mais pesado, a mente mais nebulosa. E é aí que muitas mulheres me dizem: “eu não sei mais o que gosto…”. Eu passei por isso!
Esse é o sinal.
Não de que acabou.
Mas de que é hora de recomeçar com verdade.
O prazer, quando a gente para para pensar, não se perde de uma vez só. Ele vai se esvaindo em pequenas renúncias diárias, muitas vezes invisíveis. E para nós, mulheres, esse processo começa cedo. Ainda jovens, já aprendemos a colocar as necessidades dos outros na frente das nossas. E vamos achando isso bonito, nobre, “maduro”. Até que um dia, sem perceber, a gente não sabe mais o que nos dá prazer.
A carreira, a maternidade, a casa, os relacionamentos… Tudo isso, em alguma medida, exige entrega. E, claro, pode ser fonte de realização também. Mas quando se torna um campo de exigência constante, sem espaço para o prazer pessoal, o corpo e a alma começam a cobrar a conta.
A cultura do “dar conta de tudo” reforça essa lógica. A mulher que resolve, que segura a barra, que concilia mil papéis — essa foi a imagem valorizada por muito tempo. Mas a verdade é que essa mulher, muitas vezes, está esgotada. E no esgotamento, não há espaço para o prazer.
Como nutricionista e como mulher que também vive essa fase, vejo o quanto essa desconexão tem impacto real no dia a dia. A paciente diz que está cansada, sem ânimo, irritada. Mas quando a gente vai aprofundando, percebe que ela não se escuta mais há anos. Não sabe o que a faz feliz, o que a acalma, o que a inspira. O corpo está pedindo socorro — e ele fala com sintomas: insônia, compulsões, queda de libido, tristeza inexplicável.
Quando falta tempo para si mesma, os desejos autênticos vão sendo silenciados. Você começa a viver mais para os outros do que para si. E o resultado é aquele estado crônico de irritação, o tédio que não passa, a sensação de cansaço emocional mesmo depois de dormir bem, a perda de interesse por coisas que antes te encantavam.
Se você sente que está nesse lugar, respira fundo.
Você não está sozinha. E ainda dá tempo.
Dá tempo de se escutar de novo. De se olhar com mais gentileza.
De perguntar: o que eu parei de fazer que me fazia tão bem?
O prazer não está perdido. Ele só está adormecido.
E esse artigo é um convite delicado para você começar a acordá-lo.
O corpo fala. E se a gente escutar com atenção, ele sussurra (ou grita) verdades que a mente às vezes ainda não consegue formular.
Muitas mulheres chegam até mim com queixas físicas diversas: cansaço persistente, dores no corpo, distúrbios no sono, compulsões alimentares. E quando começamos a conversar, logo percebo que essas manifestações não são apenas “sintomas da menopausa” — são também expressões de um corpo desconectado do prazer.
Quando o prazer se distancia da rotina, o corpo responde com:
Por outro lado, quando estamos em contato com o prazer verdadeiro — aquele que nutre, que expande, que acalma — o corpo também se manifesta, mas de outra forma:
Esse corpo vitalizado não é fruto de um milagre. É consequência de pequenas escolhas diárias que nos reconectam com o que sentimos de verdade.
Por isso, uma das práticas mais poderosas — e ao mesmo tempo mais negligenciadas — é a escuta corporal.
Começar o dia se perguntando: Como estou me sentindo hoje?
Ou terminar uma refeição observando: Isso me deixou bem ou me pesou?
Pausar no meio da tarde e notar: Como está meu corpo agora? Tenho respirado ou só estou funcionando?
Essas perguntas simples nos trazem de volta para dentro.
Nos lembram que o corpo não é uma máquina a ser empurrada, mas um radar delicado do que está ou não funcionando emocionalmente.
E se você quiser dar um passo a mais nessa reconexão, aqui vão algumas micropráticas para experimentar:
Pequenos gestos.
Mas são essas microdoses de atenção que nos devolvem ao eixo do prazer.
E quando o corpo se sente visto, ele floresce.
Toda mulher carrega dentro de si uma centelha que acende quando ela está conectada com o que ama. Um brilho no olhar, uma vibração no corpo, uma leveza que se espalha mesmo nos dias comuns. E se você parar agora para pensar: Quando foi a última vez que me senti assim?
Talvez tenha sido anos atrás. Talvez tenha sido em um momento simples — numa conversa boa, numa viagem, num dia em que você cozinhou sem pressa ou se entregou a uma dança inesperada.
Prazer tem muito a ver com autenticidade. Com estar inteira. Com fazer algo que, no fundo, parece que nasceu dentro de você.
Esse momento é um convite para olhar para trás — não com saudade paralisante, mas com curiosidade amorosa. Resgatar momentos da vida em que você se sentia viva, leve, espontânea, inteira.
E, então, se perguntar:
Identificar esses elementos é o primeiro passo para recuperar o seu “brilho”. Porque, na maioria das vezes, o prazer deixa pistas. Ele tem um padrão sutil. Pode ser a conexão com a natureza, o silêncio, o toque, a criação, o riso, a liberdade.
Para te ajudar nesse processo, deixo aqui uma sugestão simples e poderosa:
Monte sua Linha do Tempo do Prazer.
Pegue papel e caneta e desenhe uma linha com algumas fases da sua vida: infância, adolescência, juventude, maternidade (se houver), carreira, vida atual.
Em cada ponto, escreva ou desenhe os momentos em que você sentiu prazer verdadeiro. E também observe os vazios — fases em que esse brilho parece ter sumido.
Esse exercício é uma bússola. Ele não serve para “corrigir o passado”, mas para reconhecer os padrões que te nutrem de verdade — e trazer isso de volta para a sua vida agora.
Porque no fim das contas, o prazer tem tudo a ver com identidade.
A mulher que sente prazer em sua rotina, em seus encontros, em seus projetos, é uma mulher que está alinhada com quem realmente é.
Ela não vive para agradar, performar ou cumprir expectativas.
Ela vive para expressar — e essa expressão pode ser suave ou intensa, mas sempre é autêntica.
Esse brilho que você talvez ache que perdeu… ele está aí.
Apenas esperando que você olhe de novo. Com gentileza, com curiosidade, com amor.
Muita gente pensa que prazer só aparece em momentos grandiosos: uma viagem inesquecível, uma grande conquista, um fim de semana de folga. Mas o prazer mais poderoso é aquele que se infiltra no dia a dia, mesmo quando a agenda está cheia, mesmo quando a vida exige demais.
Eu gosto de chamar isso de pílulas de felicidade.
São pequenas experiências sensoriais ou emocionais que abastecem nossa energia vital ao longo do dia. Como se fossem mini recargas para o corpo, a mente e o coração.
E o mais bonito é que elas não precisam ser caras, difíceis ou sofisticadas.
Elas só precisam ser verdadeiras.
Pode ser o cheiro de um café coado com calma.
Pode ser a brisa da manhã tocando o rosto.
Pode ser uma playlist que desperta memórias boas.
Pode ser um banho tomado com intenção, com óleos, com pausa.
Pode ser um telefonema leve, um carinho no pet, um trecho de livro lido em silêncio.
Cada mulher tem seu próprio cardápio de pílulas de prazer — e criá-lo é uma das práticas mais transformadoras que proponho para minhas pacientes.
Quer experimentar?
Faça uma lista com 10 coisas simples que te fazem bem.
Não pense no que “deveria” ser, mas no que realmente te nutre.
Depois, deixe essa lista visível. E, se possível, inclua ao menos uma dessas pílulas no seu dia. Todos os dias. Sem pressa, sem culpa.
Aqui vão algumas ideias que podem inspirar a sua:
Agora, uma coisa importante:
Existe uma diferença entre prazer rápido e prazer verdadeiro.
Prazer rápido é aquele que alivia, mas logo passa (e às vezes cobra um preço depois).
Prazer verdadeiro é aquele que deixa rastro bom. Que acalma, que nutre, que expande.
O desafio — e a beleza — está em aprender a distinguir um do outro.
Quando você começa a se abastecer com essas pequenas doses de alegria, algo muda.
O corpo relaxa. O olhar fica mais leve.
A vida volta a ter cor — mesmo que nada externo tenha mudado.
Porque, no fundo, prazer é presença.
E presença é o que nos devolve a nós mesmas.
Existe um ponto em que muitas mulheres chegam na vida em que a pergunta não é mais “o que eu devo fazer?”, mas sim:
“o que eu realmente quero?”
E essa resposta, minha querida, só vem de dentro.
Sem escuta interna, não há prazer verdadeiro. Porque o prazer não se aprende em manuais, nem se copia das redes sociais. O que faz bem pra mim pode não fazer sentido pra você. O que te emociona pode passar despercebido para outra pessoa. O prazer é pessoal, íntimo, intransferível — e por isso mesmo tão precioso.
Mas para acessá-lo, é preciso criar espaço.
A vida moderna, com seus mil estímulos, pressões e expectativas, muitas vezes abafa essa escuta. Ficamos cercadas de ruídos externos: opiniões alheias, padrões idealizados, conselhos não solicitados, cobranças de desempenho. E tudo isso nos desconecta do nosso centro.
A menopausa, por mais desafiadora que seja, pode ser uma chance maravilhosa de voltar para esse centro.
De fazer silêncio por dentro.
De pausar.
De olhar com mais verdade para dentro de si.
É aí que o autoconhecimento entra. E quando falo disso, não é sobre grandes rituais ou jornadas espirituais mirabolantes. Falo de ferramentas simples e poderosas, que ajudam a abrir espaço para se ouvir com mais nitidez:
E tem algo que precisa ser dito com força:
desejo não é egoísmo. Desejo é vida.
É o que nos move. É o que nos conecta com o que pulsa.
Na maturidade, temos a chance de tirar o desejo do lugar da culpa — e colocá-lo no lugar do respeito por si.
Querer mais da vida não é vaidade. É consciência.
É saber que você merece sentir prazer, não só cumprir tarefas.
Porque uma mulher que se conhece, que sabe o que deseja e o que não deseja mais, é uma mulher livre.
E onde há liberdade, o prazer floresce.
Talvez o maior obstáculo ao prazer não seja a falta de tempo, nem os sintomas da menopausa.
Talvez seja a culpa.
Sim, essa sensação silenciosa de que sentir prazer é egoísmo. De que colocar-se em primeiro lugar é “demais”. De que existe sempre algo ou alguém que deveria vir antes de você.
Essa culpa tem raízes profundas.
Fomos educadas para cuidar, servir, doar, manter. E fazer isso com um sorriso.
Então, quando surge o desejo por algo só nosso — uma viagem sozinha, um tempo de descanso, um curso por prazer, um banho mais longo, uma comida feita só pra você — muitas vezes vem o pensamento automático: “será que eu estou sendo egoísta?”
Eu escuto isso com frequência.
E sempre respondo com carinho, mas com firmeza: não é egoísmo, é saúde.
Permitir-se sentir prazer é reconhecer que você também importa.
É lembrar que sua energia precisa ser abastecida — porque ninguém dá de um lugar vazio.
É respeitar o próprio corpo, os próprios ciclos, os próprios limites.
O prazer, nessa fase da vida, é um ato de autocuidado profundo.
Ele traz vitalidade, alinha emoções, melhora o sono, a digestão, o humor. Ele sinaliza para o seu corpo: “estamos vivas, ainda temos muito a experimentar”.
Se colocar no centro da própria vida não é abandonar os outros. É apenas parar de se abandonar.
E para ajudar nesse processo de liberação da culpa e cultivo da permissão interna, aqui vão algumas frases-libertadoras que você pode usar como lembretes diários:
“Cuidar de mim é também uma forma de cuidar de quem amo.”
“Meu prazer sustenta minha energia e minha criatividade.”
“Sou prioridade na minha própria vida.”
“O que me faz bem não precisa ser explicado.”
“É seguro sentir alegria.”
“Não preciso merecer prazer. Eu nasci com esse direito.”
Coloque essas frases no espelho, no fundo do celular, no seu caderno de anotações.
Repita-as até que o seu corpo acredite.
Porque quando a culpa sai de cena, o prazer tem espaço para florescer.
E com ele, vem junto uma versão mais viva, mais inteira, mais real de você mesma.
Quando você se aproxima do que realmente te dá prazer, não está apenas buscando bem-estar.
Está se aproximando da sua verdade.
O prazer verdadeiro — aquele que vem de dentro, que aquece o peito e ilumina o olhar — é uma bússola poderosa. Ele aponta caminhos. Ele mostra o que faz sentido, o que te alimenta, o que te leva pra mais perto de quem você é de verdade.
É por isso que, na prática, viver com prazer é também viver com mais autenticidade.
Porque quando você se escuta, você começa a perceber com mais clareza:
E aí, as escolhas vão mudando.
Não por obrigação, mas porque seu corpo e sua alma não aceitam mais o que fere sua essência.
Você começa a dizer “sim” com mais presença. E a dizer “não” com mais firmeza.
Você se torna mais seletiva — não por frieza, mas por amor próprio.
E o mais bonito é que esse prazer autêntico transborda.
Ele influencia tudo ao seu redor:
Nas relações, você se conecta com mais verdade. As conversas ficam mais profundas, os vínculos mais leves. Você sai da obrigação de agradar e entra no espaço da troca real.
No trabalho, você começa a buscar (ou criar) ambientes que respeitam seu ritmo, que te estimulam, que te dão espaço de expressão. Ou então ressignifica o que faz com mais presença, mais intenção.
No corpo, você cuida com mais carinho, com menos culpa. Você movimenta o corpo para se sentir viva, e não para caber em padrões. Come para nutrir, e não para compensar.
Na espiritualidade, você se aproxima de algo maior — não necessariamente religioso, mas conectado ao que te traz paz, sentido, silêncio interior.
Tudo isso é possível.
Tudo isso começa com uma pergunta simples:
“O que me faz bem de verdade?”
E a coragem de, aos poucos, ajustar a vida para que essa resposta vire prática.
A essa altura, talvez você já tenha percebido: prazer e movimento caminham juntos.
Quando sentimos prazer verdadeiro, algo dentro de nós se movimenta.
A respiração se abre, a energia circula, os olhos brilham, a vontade de viver renasce.
Retomar o prazer não é um luxo da maturidade — é uma necessidade vital.
É o que nos mantém vivas por dentro, mesmo em dias difíceis.
É o que nos ajuda a sair da estagnação, da apatia, da repetição sem alma.
E não precisa ser um salto gigante.
Você pode começar ainda hoje — com um gesto pequeno, mas verdadeiro.
Uma pausa para o silêncio.
Um café tomado com presença.
Um telefonema para alguém que te acolhe.
Uma playlist que te faz sorrir.
Uma escolha alimentar que nutre.
Uma caminhada olhando o céu.
Essas são suas pílulas de felicidade.
Elas não resolvem tudo — mas são combustível diário para manter a alma abastecida de vida.
Aqui no blog, o conceito de movimento vai muito além do corpo.
Movimento é emocional, mental, energético e afetivo.
É quando a gente se escuta.
É quando a gente sente.
É quando a gente se permite viver com mais verdade.
E se você chegou até aqui, talvez esse seja o seu chamado.
De voltar a si.
De resgatar o que ficou pelo caminho.
De redescobrir o que te faz feliz — não como era antes, mas como é hoje.
Com a sabedoria, a liberdade e a profundidade que só a maturidade pode trazer.
Porque, no fim das contas, o que realmente te move é o que te dá alegria.
E a menopausa, longe de ser o fim do prazer, pode ser justamente o recomeço de uma vida com mais sentido, presença e brilho próprio. Que esse texto tenha sido uma sementinha.
E que você cultive, todos os dias, o prazer de ser quem você é.
Na menopausa, é comum sentir que o corpo desacelera, que a energia muda de lugar, que a disposição já não é mais a mesma. Mas o que muitas mulheres não percebem de imediato é que essa desaceleração aparente não significa estagnação. Na verdade, esse é um momento que exige um tipo de movimento muito mais sábio: um movimento que não se baseia em correria, mas em presença, consciência e fluidez.
Ao longo dos anos acompanhando mulheres nessa fase, percebo que uma das maiores confusões é pensar que “se manter ativa” é apenas sobre levantar peso na academia ou correr na esteira. Nada contra essas práticas — elas têm seu valor, e muito! Mas menopausa é convite para um tipo de atividade muito mais abrangente: a que movimenta também a mente, as emoções, as relações e até a forma como você se enxerga no mundo.
E isso é fundamental. Porque tudo que para demais, adoece. Corpo parado sofre. Emoção engarrafada vira sintoma. Pensamento rígido vira limitação. Relação estagnada vira isolamento. Por isso, neste artigo, quero te convidar a enxergar o movimento com outros olhos — não como obrigação, mas como pulsação de vida.
Vamos falar sobre como manter o corpo em movimento, sim. Mas também sobre manter ativa a sua vitalidade, sua criatividade, sua força interna e sua conexão com as pessoas e com você mesma. Porque movimento é vida — e a menopausa não é o fim dessa dança, é o começo de um novo ritmo
Se tem uma coisa que a menopausa nos ensina, é que o corpo já não responde como antes — e isso não é um sinal de fracasso. É apenas um convite para ajustarmos o compasso.
Com a queda dos níveis de estrogênio e progesterona, mudanças profundas acontecem na forma como o corpo metaboliza energia, preserva músculos, queima gordura e mantém os ossos firmes. Como nutricionista que vive e acompanha essa fase todos os dias, posso te dizer com tranquilidade: o corpo precisa de estímulos diferentes — não mais agressivos, mas mais inteligentes.
Entre os 40 e 50 anos, é natural que ocorra uma perda progressiva de massa muscular (sarcopenia), que a gordura comece a se redistribuir para a região abdominal e que articulações e tendões fiquem mais sensíveis. Isso não quer dizer que você está “envelhecendo mal” — quer dizer apenas que é hora de mudar a estratégia.
E nessa hora, o movimento passa a ser um ato de preservação da sua saúde. Um investimento direto na sua autonomia futura.
Quando falamos em praticar atividade física na menopausa, não estamos falando de estética. Estamos falando de conseguir subir escadas sem dor. De não perder o equilíbrio ao descer do ônibus. De ter força nos braços para carregar uma sacola de feira ou abraçar os netos com firmeza.
Esse tipo de autonomia só se mantém se você tiver músculo, mobilidade e resistência óssea preservada. E isso só acontece com o corpo em movimento.
Não existe uma receita universal — e ainda bem! Cada mulher tem sua história corporal, seu gosto, sua rotina e suas necessidades. Mas algumas práticas costumam funcionar muito bem na menopausa, especialmente quando o objetivo é longevidade com qualidade:
O mais importante aqui é perceber que não se trata de intensidade, mas de presença.
Aquela ideia de “quanto mais suar, melhor” ficou no passado. Hoje, o que vale é estar conectada com o corpo, respeitar seus limites, mas não acomodar-se neles.
Mais do que encontrar o “treino ideal”, o que vai mudar sua vida é fazer com constância e com escuta ativa do corpo.
Não é sobre se forçar, é sobre se manter em movimento, mesmo que seja com passos leves.
E cada passo conta.
Sabe aquele dia em que tudo que você consegue é uma caminhada de 20 minutos no quarteirão? Isso já é movimento.
Sabe aquele alongamento de manhã que te devolve o eixo? Isso também é autocuidado.
Corpo ativo é corpo que conversa com você — e que responde melhor a todas as outras mudanças que vêm com a menopausa.
Sabe aqueles dias em que a cabeça parece pesada, como se estivesse coberta por uma névoa? Em que é difícil lembrar onde deixou as chaves ou o que foi dito numa conversa de poucas horas atrás? Ou então aquela sensação de falta de motivação, de se sentir um pouco desconectada da própria vida?
Essas são queixas muito comuns entre as mulheres que atendo no consultório — e muitas vezes, elas não fazem ideia de que isso também faz parte da menopausa. O que poucos dizem é que, assim como o corpo precisa de movimento para manter-se saudável, a mente também precisa se movimentar para permanecer desperta, clara e criativa.
Quando falamos de sedentarismo, pensamos logo em um corpo parado. Mas a mente também pode parar: quando repetimos os mesmos padrões, evitamos mudanças, deixamos de estimular novas ideias, relações ou aprendizados.
Na menopausa, esse tipo de sedentarismo emocional se torna ainda mais sensível. Isso porque o cérebro feminino é profundamente influenciado pelos hormônios, especialmente o estrogênio, que atua na regulação dos neurotransmissores relacionados ao humor, foco e memória. Quando ele começa a cair, é comum que o cérebro funcione de forma diferente — mais lenta, mais oscilante, mais “desconectada”.
E sabe o que pode ajudar a religar tudo isso?
Movimento. Inclusive o físico.
Já existem muitos estudos que mostram que a atividade física regular melhora a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de criar novas conexões e se adaptar. Caminhar, dançar, fazer uma sequência de yoga, subir escadas, praticar musculação… tudo isso aumenta o fluxo sanguíneo cerebral, melhora a oxigenação e ativa áreas do cérebro ligadas à memória, à atenção e ao bom humor.
Além disso, o movimento estimula a produção de serotonina, dopamina e endorfinas, ajudando a combater sintomas de ansiedade, irritabilidade e depressão — que são tão comuns durante a transição da menopausa.
E aqui vai um dado importante que compartilho sempre com minhas pacientes: os efeitos positivos na saúde mental aparecem mesmo com atividades leves, desde que feitas com regularidade e presença.
Não precisa esperar motivação ou energia para se mover. Às vezes, o movimento vem primeiro — e o ânimo vem depois.
Aqui vão algumas formas de “acordar” o sistema nervoso e trazer mais clareza mental no dia a dia:
Evitar o comodismo e a praticidade em excesso pode ser uma das formas mais simples e eficazes de manter o corpo e a mente em movimento — e isso, no dia a dia, faz toda a diferença.
A menopausa, por si só, já é uma fase de transformação profunda — e, para muitas mulheres, é também uma fase de luto simbólico. Mudanças no corpo, nos relacionamentos, no papel social, na imagem pessoal… tudo isso mexe com a identidade.
É justamente por isso que movimentar-se emocional e mentalmente é tão necessário. Estar em ação (mesmo que mínima), sair do lugar habitual, colocar o corpo e a mente para circular, ajuda a prevenir e aliviar sintomas de ansiedade, tristeza e isolamento.
Mais do que um remédio para o físico, o movimento é um remédio emocional. Ele nos coloca de volta em nós mesmas.
Se a mente para, a vida para junto.
Mas se ela volta a se mover, mesmo que devagar, tudo em volta ganha nova luz.
Nem sempre falamos sobre isso, mas o isolamento social é um dos fatores que mais silenciosamente comprometem a saúde das mulheres na maturidade. E ele pode chegar de mansinho — disfarçado de “preciso de um tempo sozinha”, ou como resultado de mudanças que vão se acumulando: os filhos saem de casa, o ritmo no trabalho muda, os círculos de amizade se transformam, o casamento pode entrar em crise ou mesmo chegar ao fim.
E aí, sem que se perceba, o convívio com o mundo vai diminuindo.
As conversas ficam mais escassas.
Os convites diminuem.
A vontade de sair também.
O problema é que nós somos seres profundamente relacionais. E, especialmente na menopausa, o contato com outras pessoas ajuda a resgatar a vitalidade emocional e física que o corpo começa a sentir que está indo embora.
Diversos estudos já demonstraram que o isolamento social na maturidade está ligado a um risco maior de depressão, doenças cardíacas e até demência. Não é exagero: se movimentar socialmente é um verdadeiro fator de proteção para a saúde mental, emocional e até imunológica.
E não precisa ser nada grandioso. Às vezes, só de marcar um café com uma amiga, rir numa aula de dança, ou trocar mensagens mais profundas com alguém querido já é o suficiente para trazer oxigênio emocional para o dia.
Essa fase também mexe com a forma como nos enxergamos nos vínculos. Muitas mulheres passam por rupturas importantes nessa etapa — com os filhos, com o parceiro, com o trabalho, com o corpo, com as amizades antigas.
É como se a menopausa dissesse, sem rodeios:
“Você quer continuar se relacionando do mesmo jeito, ou quer construir novas formas de estar no mundo?”
E aí entra um ponto fundamental: estar ativa socialmente é também criar novos espaços de pertencimento. Grupos de mulheres, atividades em conjunto, círculos de partilha, rodas de conversa, caminhadas coletivas… tudo isso é movimento — do corpo, do afeto e da identidade.
Não é à toa que algumas das atividades que mais fazem bem para a saúde emocional são justamente aquelas que unem corpo e relação. Dançar com outras pessoas. Fazer uma aula de yoga com risadas no final. Caminhar em grupo no parque. Cantar num coral. Participar de um voluntariado. Rir em conjunto.
Esses momentos mexem com a química cerebral de forma tão poderosa quanto um treino intenso. Eles liberam ocitocina, serotonina, dopamina — tudo aquilo que acalma, dá prazer, gera conexão e traz sentido à vida.
No fim das contas, se manter ativa socialmente não é luxo — é autocuidado em sua forma mais profunda.
Se você sente que está um pouco isolada, aqui vai um convite: comece pequeno, mas comece.
Às vezes tudo que você precisa é dar o primeiro passo para criar novas conexões.
Você não precisa se encaixar em nenhum modelo — mas precisa se permitir estar em movimento, inclusive nos vínculos.
Abrir espaço para novas relações é também uma forma de dizer ao corpo e à mente:
“Ainda estou aqui. E quero viver com presença.”
Nem todo movimento é visível. Às vezes, o que mais nos transforma é o que acontece dentro — silenciosamente, sem testemunhas, no compasso íntimo do corpo e da alma.
A menopausa, com todas as suas mudanças, não é só uma fase fisiológica. Ela também é uma travessia emocional, simbólica e existencial. É como se o corpo dissesse “pare” — não para parar a vida, mas para reorganizá-la.
E aqui começa o que eu chamo de movimento interno.
Aquela força que não se mede em passos, mas em perguntas.
Que não aparece nos músculos, mas no olhar que muda de direção.
E que tem o poder de abrir espaço para o novo — mesmo quando tudo parece apertado.
Quantas vezes você já tentou mudar um hábito, começar uma nova fase, criar um novo ritmo — e não conseguiu?
Muitas vezes, o problema não está na falta de disciplina. Está na falta de espaço interno.
O que precisa sair para algo novo entrar?
Quais histórias você ainda está carregando, que já não fazem mais sentido?
Que papéis você sente que não cabem mais, mas ainda insiste em interpretar?
Essas perguntas não são retóricas. Elas são sementes. E é na escuta profunda de si mesma que as respostas começam a germinar.
Com frequência, atendo mulheres que se cobram por não estarem produzindo como antes, por não terem o mesmo pique, por sentirem vontade de se recolher. E eu costumo dizer: “Talvez agora seja hora de ouvir mais do que agir.”
A escuta interna é um tipo de movimento refinado.
É ela que te ajuda a perceber o que o corpo está te dizendo por trás do sintoma.
É ela que sinaliza se você está no caminho da sua verdade — ou apenas repetindo rotinas antigas por medo de mudar.
E é ela que dá início à transformação genuína.
Vivemos em uma cultura que idolatra a produtividade, o ritmo acelerado e o fazer sem pausa. E por isso, muitas mulheres sentem culpa por quererem desacelerar.
Mas desacelerar não é desistir. É se permitir respirar.
É deixar de empurrar a vida para começar a caminhar com ela.
É entender que o valor do movimento não está na velocidade, mas na intenção.
Na menopausa, muitas vezes o corpo exige pausas. E isso é sabedoria biológica. O que acontece é que, quando você respeita essas pausas, ganha clareza para os próximos passos.
Estar ativa emocionalmente é reconhecer os sentimentos que emergem — sem julgamento, sem pressa para resolver.
É olhar para a raiva, para o medo, para a tristeza, para o luto e também para a esperança — e permitir-se sentir.
Esse movimento interno, de nomear o que está vivo em você, é um passo poderoso de cura.
Porque só aquilo que é acolhido pode ser transformado.
E transformação, na menopausa, não é só possível — é necessária.
Mas ela começa dentro. E precisa de espaço para florescer.
Eu já estive em alguns momentos de pausa como estes. E foram super intensos e importantes!
Se tem algo que atravessa todos os aspectos da menopausa é o movimento.
Não só o das pernas, dos braços ou da musculatura — mas o movimento que pulsa no pensamento, na afetividade, nas escolhas e na forma como decidimos viver cada novo ciclo.
Neste artigo, caminhamos por diferentes formas de movimentar-se:
A menopausa não precisa ser um freio — ela pode ser um ajuste de marcha, um novo ritmo, um recomeço mais alinhado com quem você é hoje.
E o convite que deixo aqui é simples, mas poderoso: Encontre sua forma de se movimentar.
Não precisa ser como ninguém. Precisa ser como você.
Com prazer. Com autonomia. Com significado.
Talvez o seu movimento venha na forma de uma aula de dança.
Ou de uma caminhada silenciosa ao fim do dia.
Talvez esteja em reunir mulheres para conversas profundas.
Ou em dar um passo corajoso dentro da própria vida.
O importante é lembrar que vida parada não floresce.
E que menopausa vivida com presença é um renascimento.
Aqui no Menopausa Consciente, eu acredito nisso:
Que essa fase não é uma despedida — é uma transição rica, potente e cheia de possibilidades.
E que viver a menopausa com consciência é agir alinhada com o corpo, com a alma e com tudo o que faz sentido para você.
Movimento é vida. E a sua está só começando.
No começo, não tem nome.
Tem uma sensação estranha.
Uma inquietação. Um cansaço diferente. Um desconforto sem explicação.
Você começa a perceber que está diferente… mas não sabe exatamente o que mudou.
Algumas situações que antes passavam despercebidas agora te incomodam.
A irritação vem mais rápido, as lágrimas também.
A cabeça parece mais cheia — e, ao mesmo tempo, você se sente meio vazia por dentro.
Vem aquele pensamento:
“Será que estou vendo coisa onde não tem?”
“Será que é da minha cabeça?”
“Será que estou ficando… instável?”
Talvez você comente com alguém — e receba um conselho bem-intencionado, mas ultrapassado:
“Isso é coisa da idade.”
“Relaxa, é só uma fase.”
“Você precisa se distrair, voltar a ser como antes.”
E é aí que a dúvida se aprofunda.
Você já não se reconhece totalmente… e também não se vê representada nas respostas que recebe.
Fica no meio do caminho entre o incômodo que sente e a incompreensão ao redor.
É um lugar solitário.
Um lugar em que você começa a mudar por dentro… enquanto o mundo continua igual por fora.
Você começa a perceber que algo está mudando dentro de você.
Não é apenas o corpo — é também o humor, o sono, os pensamentos, as emoções.
Às vezes parece que você acordou em outro mundo — um mundo em que tudo pulsa diferente.
O corpo está mais sensível, a paciência mais curta, a mente mais cheia.
Você tenta manter o ritmo de antes, mas ele não se encaixa mais no que você é agora.
E então, você olha ao redor…
E tudo segue como sempre.
O parceiro continua esperando a mesma entrega.
Os filhos mantêm suas demandas cotidianas.
O trabalho exige produtividade constante.
As conversas com amigas muitas vezes ainda giram em torno de assuntos que não ressoam mais com o que está vivo em você agora.
E tudo isso pode gerar um sentimento sutil — mas profundo — de isolamento.
Não é que falte amor.
Nem que as pessoas não se importem.
Mas a verdade é que ninguém além de você está passando por essa travessia.
E isso pode doer.
Ao contrário da adolescência ou da gravidez, que muitas vezes contam com rituais sociais de acolhimento e apoio, a menopausa acontece num silêncio social desconfortável.
Não há feriado, aviso ou preparação coletiva.
Ela chega, muda tudo dentro de você — e o mundo segue esperando que você dê conta de tudo do mesmo jeito.
Essa falta de reconhecimento externo faz com que muitas mulheres duvidem do que estão sentindo.
“Será que sou eu que estou exagerando?”
“Por que ninguém percebe que está difícil?”
“Por que eu me sinto tão deslocada, tão diferente de antes?”
Essas perguntas vão se acumulando junto com os sintomas.
E essa solidão emocional pode ser mais desgastante do que os próprios calores, oscilações de humor ou noites mal dormidas.
Você está vivendo um processo intenso, íntimo e profundo.
Mas o outro, que está ao seu lado, pode não fazer ideia do que se passa — ou simplesmente não saber como agir.
E isso pode gerar impaciência, mal-entendidos e até conflitos.
Talvez você precise de silêncio e presença, e receba cobrança e pressa.
Talvez esteja mais vulnerável, mais introspectiva — e escute piadas, críticas ou conselhos vazios.
Ou talvez esteja se esforçando tanto para esconder o que sente, que ninguém percebe que você está precisando de ajuda.
Esse descompasso entre o seu mundo interno e o mundo externo afeta profundamente a forma como você se move nas relações.
Você começa a se calar para evitar atritos.
Começa a se afastar, sem saber ao certo como explicar.
E isso pode reforçar ainda mais a sensação de solidão.
A solidão da menopausa não vem apenas da falta de informação.
Ela vem, principalmente, de uma falta de linguagem emocional compartilhada.
O mundo ainda não aprendeu a conversar com mulheres em menopausa.
Não se fala sobre isso no almoço de domingo, nem nas reuniões da empresa, nem nas rodas de conversa entre amigos.
E quando se fala, geralmente é com ironia, estereótipos ou rótulos — como se essa fase da vida fosse sinônimo de instabilidade, exagero ou decadência.
Mas não é.
É transformação.
É passagem.
É redescoberta.
E por mais que essa transição seja solitária em sua natureza, ela não precisa ser vivida em silêncio ou vergonha.
Você pode encontrar suas formas de expressão.
Pode comunicar com o corpo, com o olhar, com palavras novas.
Pode se cercar de escuta, de respeito, de pequenos refúgios que acolham a mulher que está nascendo dentro de você.
A menopausa não é uma mudança localizada — ela é um reordenamento completo do sistema interno: do corpo, das emoções, dos interesses, dos tempos, da libido.
O que antes era automático passa a exigir esforço.
O que antes fazia sentido pode, de repente, deixar de fazer.
E quando algo se transforma profundamente dentro de você, os seus vínculos externos também são afetados.
É como mudar a música que toca no seu interior — mas continuar dançando com pessoas que ainda seguem no ritmo antigo.
Essa mudança de compasso pode ser sutil ou escancarada, mas quase sempre exige reconstrução das formas de se relacionar.
E isso inclui os relacionamentos amorosos, a vida sexual, os vínculos com filhos, amizades, colegas de trabalho.
Uma das primeiras áreas a sentir o reflexo dessa mudança interna é o relacionamento amoroso.
A libido oscila — às vezes desaparece.
O toque que antes confortava, agora irrita.
A vontade de estar junto pode ceder lugar à vontade de estar só.
Ou, em alguns casos, surge uma fome emocional nova, que o outro não consegue compreender.
Você tenta explicar, mas nem sempre encontra palavras.
Às vezes nem você entende direito o que está sentindo.
E isso pode ser confundido com frieza, rejeição ou desinteresse.
O que está acontecendo, na verdade, é um processo de redescoberta da sensibilidade, do desejo e dos limites.
E essa redescoberta precisa de tempo — mas o mundo afetivo nem sempre sabe esperar.
A forma como você se comunica também muda.
As emoções estão à flor da pele, a paciência mais curta, e o que antes você deixava passar agora te afeta mais profundamente.
Você percebe coisas nas entrelinhas.
Sente quando o outro está distante.
Tolera menos o que é superficial, impessoal, automático.
E isso pode fazer com que alguns diálogos se tornem tensos ou dolorosos — não porque há falta de amor, mas porque há falta de sintonia emocional momentânea.
Além disso, pode haver uma expectativa social para que você se mantenha estável, compreensiva, produtiva, disponível — quando tudo o que você mais precisa é de escuta, pausa e espaço para se sentir.
Com os filhos, pode surgir a culpa por não ter mais a mesma energia.
Você quer ser presente, mas sente que precisa de recolhimento.
Quer ajudar, mas às vezes precisa ser cuidada.
E isso pode gerar conflitos ou distanciamentos silenciosos, especialmente se seus filhos ainda não têm maturidade emocional para perceber que você também está em transição.
No ambiente de trabalho, a cobrança por desempenho segue firme.
As entregas, os prazos, as conversas “objetivas” continuam — mas você está em outro tempo interno.
Um tempo em que o corpo pede pausa, a mente pede silêncio e o coração quer desacelerar.
Esse “delay de percepção” entre o que você está vivendo e o que o mundo espera de você pode gerar frustração e exaustão emocional.
Porque você precisa manter o vínculo, mas às vezes não sabe como estar presente sem se abandonar.
Você não precisa se isolar — mas também não precisa fingir que está tudo igual.
Relacionar-se na menopausa exige novas formas de presença.
Exige escutar o corpo e aprender a se expressar com mais verdade, ainda que isso pareça desconfortável no início.
E uma das formas mais poderosas de manter os vínculos vivos é compartilhando o que está acontecendo dentro de você — mesmo que ainda sem todas as palavras.
Você pode dizer:
“Eu estou passando por mudanças que ainda estou tentando entender.
Mas já sinto que muita coisa em mim está diferente.
Meus sentimentos, meu corpo, meu ritmo interno… tudo está se reorganizando.”
Esse tipo de comunicação não precisa ser explicativa, técnica ou perfeita.
Ela precisa ser honesta.
E com isso, você convida o outro a te acompanhar nesse momento — não com respostas, mas com presença.
Pense em outras transições importantes da vida de uma mulher:
Quando você engravida, todos ao redor sabem que é um período de transformação.
Quando menstrua pela primeira vez, há uma marca simbólica.
Mas na menopausa… muitas vezes não há nenhum ritual, nenhuma conversa, nenhum espaço.
Tudo acontece por dentro — e em silêncio.
Por isso, criar esse espaço precisa partir de você.
Não como uma cobrança, mas como um pedido de acolhimento.
Você pode dizer:
“Estou me sentindo mais vulnerável.”
“Preciso de mais estímulos positivos.”
“Quero carinho, quero escuta, quero tempo.”
“Talvez eu esteja mais fechada, mas não quero me afastar.”
“Me ajuda a passar por isso com leveza. Fica perto, mesmo que em silêncio.”
Essa linguagem emocional abre portas.
E os vínculos que forem verdadeiros vão responder.
Não com perfeição, mas com disponibilidade.
E isso já é muito.
Você entra num cômodo… e esquece o que foi fazer.
Começa uma frase, e a palavra simplesmente desaparece.
Abre uma aba no computador, mas já não sabe mais o que ia procurar.
Sente o corpo mais sensível, a mente mais dispersa, o humor mais volátil.
Mas tudo isso de forma difusa, fragmentada — como se algo estivesse fora do lugar, mas você não soubesse exatamente o quê.
A primeira reação costuma ser duvidar de si:
“Será que estou distraída demais?”
“Será que estou ficando ansiosa?”
“Será que é só cansaço?”
Só depois de um tempo, às vezes meses, vem a compreensão:
o corpo estava tentando te avisar.
Na menopausa, o corpo começa a comunicar o que você ainda não sabe explicar.
Ele fala por gestos, silêncios, lapsos, desconfortos sutis.
Não como algo que “falha”, mas como algo que reorganiza.
E se você souber escutar com atenção — sem julgamento — ele pode se tornar o canal mais honesto entre o que você sente e o que precisa ser expresso.
Há momentos em que tudo está embaralhado por dentro.
Você sente irritação, cansaço, ansiedade, tristeza — mas não sabe o que causou aquilo.
E tentar explicar, nessa hora, só aumenta a confusão.
É nesses momentos que práticas simples de movimento consciente podem funcionar como um tradutor interno.
Esses gestos organizam o caos interno sem exigir que ele seja imediatamente compreendido.
Eles criam espaço.
E, muitas vezes, depois do corpo falar, as palavras aparecem sozinhas.
Durante a menopausa, as emoções ganham nuances novas.
O raciocínio pode até tentar controlar, racionalizar… mas o corpo entrega o que está vivo.
Mesmo sem intenção, ele mostra:
Esse descompasso entre o que você sente e o que tenta demonstrar cria um ruído relacional.
Quem está ao seu redor percebe que “tem algo estranho” — mas você não consegue explicar.
E isso pode gerar afastamentos, mal-entendidos, insegurança.
Por isso, aprender a reconhecer como o seu corpo expressa o que ainda não foi dito em palavras é um passo fundamental para manter a autenticidade — inclusive nos relacionamentos.
Você não precisa fazer aulas de dança, teatro ou yoga para acessar o que o corpo quer dizer.
Basta criar pequenos espaços no dia para se mover com intenção.
Não para mostrar nada a ninguém — mas para ouvir a si mesma de um jeito diferente.
Aqui vão algumas práticas que podem ajudar:
Essas práticas não são apenas recursos de alívio.
São formas de acessar o que está reprimido, clarear decisões e trazer verdade às relações.
Porque quando você escuta o seu corpo, você começa a se ouvir inteira.
E isso muda tudo.
Uma das maiores dificuldades da menopausa é encontrar espaço interno para viver a própria transformação, enquanto o mundo ao redor exige presença, respostas, entrega.
Você continua sendo mãe, companheira, profissional, filha, amiga…
Mas agora precisa ser também sua própria cuidadora.
E o desafio é esse:
Como preservar seus vínculos sem se perder neles?
Como seguir conectada com os outros sem ignorar o que está pedindo atenção dentro de você?
Esse é um movimento delicado — mas essencial.
Um movimento social e íntimo ao mesmo tempo:
a dança entre se posicionar e permanecer acessível.
A menopausa traz a oportunidade (e muitas vezes, a urgência) de redefinir papéis, ritmos e formas de se relacionar.
Isso não significa se fechar para o mundo, mas sim deixar claro que agora você também precisa de espaço.
E esse espaço pode ser dito com firmeza e afeto, ao mesmo tempo:
Gentileza não é omissão.
É presença com consciência.
E quando você se posiciona com autenticidade, os laços se fortalecem — porque você está ali por inteiro, e não apenas cumprindo um papel.
Muitas mulheres carregam a ideia (implícita ou ensinada) de que cuidar dos outros vem sempre antes.
E quando começam a precisar de cuidado, sentem culpa por dizer “não”, por priorizar o silêncio, por não querer resolver tudo de imediato.
Mas os limites não afastam — eles sustentam.
Eles evitam acúmulos. Previnem desgastes. Protegem a relação.
Um limite bem colocado é uma forma de permanecer disponível com dignidade.
Você pode:
O autocuidado não exclui. Ele sustenta sua capacidade de estar com o outro — sem se dissolver no outro.
A rotina continua puxada. Os pedidos não param.
Mas isso não significa que você não possa criar pequenas fendas de respiro ao longo do dia.
Essas pausas não precisam ser grandes.
Mas precisam ser respeitadas.
Quando você começa a se incluir na própria agenda, mesmo em pequenos gestos, o corpo sente.
A mente se organiza.
E você percebe que pode sim estar com os outros — sem se abandonar no processo.
Na menopausa, é comum que o corpo pareça atrapalhar os relacionamentos.
Você se sente mais cansada, mais sensível, menos disposta a conversas longas ou a jogos sociais.
A vontade de ficar quieta — ou de se afastar um pouco — pode parecer, para os outros, frieza ou desinteresse.
Mas o que está acontecendo não é rejeição. É reorganização.
O corpo está pedindo ajustes.
O que antes você conseguia “levar no automático”, agora exige mais intenção.
E a boa notícia é: isso pode melhorar a forma como você se relaciona.
Basta parar de ver o corpo como um problema — e começar a usá-lo como ferramenta de presença.
Sabe quando alguém fala e, mesmo prestando atenção, parece que sua mente está em outro lugar?
Ou quando você responde algo e logo depois se arrepende do tom, da pressa, da escolha de palavras?
Isso acontece com todo mundo — mas na menopausa, o tempo interno muda, e o “piloto automático” fica ainda mais difícil de sustentar.
Uma forma prática de melhorar suas relações nesse período é usar o corpo como ponto de ancoragem:
Esses pequenos gestos te trazem de volta pro momento — e isso faz toda diferença nos relacionamentos.
Você não precisa “fingir equilíbrio”. Só precisa estar ali com verdade.
Você não precisa virar uma monja nem frequentar retiros para estar mais presente.
Mas pode ajustar o seu jeito de se colocar nas situações.
Aqui vão formas simples e realistas de fazer isso:
Essas atitudes não exigem técnicas.
Exigem presença, disposição e coragem de ser quem você está se tornando.
Você não é mais a mesma. E está tudo bem.
Os vínculos que você construiu podem se adaptar, crescer junto, aprender novos jeitos de existir.
Não é necessário forçar uma antiga versão de si para caber nas relações.
É mais honesto (e saudável) trazer a nova versão aos poucos, com clareza e respeito.
Ser presente não significa estar disponível o tempo todo.
Significa estar inteira quando estiver.
E isso, por si só, já transforma a qualidade dos encontros
A menopausa muda tudo.
Muda o corpo, muda o tempo interno, muda o jeito de pensar, de sentir, de reagir.
E no meio disso tudo, o mundo ao redor continua esperando a mesma mulher de antes.
Mas você não é mais a mesma.
E isso não precisa ser motivo de afastamento ou solidão.
Pode ser o ponto de partida para relações mais verdadeiras.
Ao se permitir viver essa transição com presença, você aprende a se posicionar com mais clareza, a criar pausas sem culpa, a ouvir seu corpo como fonte de sabedoria — e não como obstáculo.
Você descobre que pode manter vínculos afetivos sem se anular,
que pode estar com o outro sem fingir que está tudo igual.
E mais que isso: descobre que sua transformação pode ser um convite à transformação das relações também.
Quero deixar claro: não sou terapeuta.
Sou nutricionista, e passo meus dias atendendo mulheres exatamente nesse momento da vida.
Conversas sobre corpo, emoções, convivência e identidade surgem o tempo todo — porque a menopausa atravessa tudo.
Quando percebo que algo precisa de um olhar terapêutico mais profundo, encaminho com responsabilidade.
Mas em muitos casos, pequenos ajustes de percepção, foco e escuta já trazem alívio e clareza.
E é sobre isso que conversamos: como sair do piloto automático e testar novas formas de viver esse ciclo com mais leveza e presença.
São saídas simples, mas muito bem-vindas — e quase sempre produtivas.
Você pode estar mudando por dentro — e ainda assim permanecer inteira nas relações.
O movimento começa em você, mas pode alcançar todos ao seu redor.
Existe uma ideia que, mesmo sem percebermos, foi colocada dentro de nós em algum momento da vida:
que mulher forte demais perde a delicadeza. Que músculo demais tira a feminilidade.
E que, se a gente “pegar pesado” no treino, vai acabar parecendo alguém que não somos.
Essa imagem distorcida ainda vive no imaginário de muitas mulheres.
É como se existir com mais força, com mais presença física, com mais potência no corpo… fosse uma espécie de ameaça à identidade feminina.
E isso é um grande desserviço à nossa saúde — especialmente na menopausa.
Durante os atendimentos no consultório, escuto com frequência:
“Tenho medo de ficar com o corpo muito pesado.”
“Quero fazer exercício, mas não gosto da ideia de ficar musculosa.”
“Parece que só existe o extremo: ou a gente enfraquece, ou vira uma mulher marombeira.”
Mas eu te convido, aqui e agora, a deixar esse medo de lado por um instante.
Porque construir força não tem nada a ver com perder feminilidade.
Na verdade, construir músculos — de forma consciente, leve, respeitosa com seu corpo — é uma das formas mais bonitas de cuidar da sua vitalidade, da sua independência, da sua liberdade de viver bem.
Musculatura não é só “estética”.
Músculo é um órgão metabolicamente ativo que protege seus ossos, regula sua glicemia, sustenta seu humor, melhora sua libido e te ajuda a manter energia para subir escadas, carregar sacolas, curtir seus netos, fazer o que ama — sem dores, sem limitações.
Mais do que isso: músculo é longevidade. É autonomia. É autoestima.
E não, você não precisa se exaurir para conquistar isso.
Nem seguir treinos radicais, nem virar alguém que você não é.
Existe uma forma inteligente, feminina e prazerosa de cultivar essa força que mora aí dentro.
Neste artigo, eu quero te mostrar esse caminho.
A partir do meu olhar como nutricionista especializada em menopausa — e como mulher que acredita profundamente que o corpo pode florescer nessa fase da vida — vamos juntas desconstruir mitos, entender o papel dos músculos na saúde e descobrir como construir uma força que nutre, não que esgota.
Porque ser forte não te afasta da sua essência.
Ser forte te aproxima da sua potência real.
A partir dos 40 anos, começamos a perder massa muscular naturalmente.
É como se o corpo, silenciosamente, fosse diminuindo sua “estrutura ativa” — e, se nada for feito, essa perda vai se acelerando com o tempo. Esse processo tem nome: sarcopenia.
Muitas mulheres nem percebem o que está acontecendo.
Elas sentem um cansaço maior, têm mais dificuldade para carregar coisas, percebem que o corpo está mais “mole”, que o equilíbrio está diferente, que as dores aparecem com mais frequência. Mas não associam isso à perda de músculo.
E aqui está o ponto crucial: na menopausa, essa perda se intensifica.
A queda dos hormônios, especialmente do estrogênio, impacta diretamente a capacidade do corpo de manter e construir massa magra.
Mas por que isso importa tanto?
Porque músculo é muito mais do que força física ou aparência.
Músculo é órgão. É tecido vivo, funcional, inteligente.
Ele participa do equilíbrio hormonal.
Atua como regulador da glicemia (níveis de açúcar no sangue).
Aumenta a sensibilidade à insulina — prevenindo ou revertendo quadros de resistência insulínica e diabetes tipo 2.
Estimula a produção de substâncias anti-inflamatórias.
Protege os ossos — ajudando a prevenir a osteoporose.
Melhora o fluxo sanguíneo cerebral e a oxigenação — colaborando com a clareza mental, a memória e a prevenção de doenças como o Alzheimer.
Sim, tudo isso está diretamente ligado à quantidade e qualidade da sua massa muscular.
Músculo é, literalmente, uma poupança de saúde.
Você “deposita” nele com cada treino bem feito, com cada refeição equilibrada, com cada noite de sono restaurador.
E no futuro, você colhe os juros dessa reserva: mais vitalidade, mais autonomia, menos dores, menos riscos de doenças crônicas.
Por isso, aqui vai um lembrete que eu sempre trago às minhas pacientes: Você não precisa de músculos aparentes, mas precisa de músculos presentes.
E essa presença começa a ser construída agora — com consciência, com estratégia e com carinho pelo corpo que te sustenta.
Durante muito tempo, fomos ensinadas — direta ou indiretamente — que força física era um atributo masculino.
Que mulher que “fica forte” perde a suavidade. Que músculos são coisa de homem. Que se cuidar do corpo com intensidade, você corre o risco de parecer “dura demais”.
E essa crença se instalou em camadas profundas do nosso imaginário.
Quantas vezes ouvimos ou pensamos:
“Não quero malhar demais e ficar parecendo um homem.”
“Prefiro algo mais leve, mais delicado, mais feminino.”
Mas aqui vai uma nova perspectiva:
força não rouba feminilidade — ela sustenta vitalidade.
E é possível, sim, ser forte e ser suave.
É possível ter músculos e manter a leveza.
É possível levantar peso e, ao mesmo tempo, cultivar acolhimento, beleza e doçura.
Aliás, diria mais: essa força interna que se reflete no corpo também é uma expressão da sua feminilidade.
No consultório, vejo com frequência mulheres que começam a treinar com certo receio — e, com o tempo, descobrem um novo prazer no próprio corpo:
Sentem a postura melhorar.
Notam mais firmeza ao se movimentar.
Relatam um ganho de autoestima que não tem a ver com estética, mas com autonomia.
Percebem mais presença — no andar, no jeito de ocupar o espaço, na forma de se relacionar com a própria imagem.
É como se, ao recuperar a força física, algo mais profundo também ganhasse forma:
a reconexão com a própria potência.
E não é isso a verdadeira feminilidade?
Ser inteira. Ser presente. Ser dona de si — no corpo e na alma?
O corpo que sustenta sua própria energia é um corpo vivo.
E todo corpo vivo, pulsante e saudável é, por natureza, bonito.
Por isso, deixo aqui um convite gentil:
Repare nas mulheres que você admira. Aquelas que brilham quando chegam.
Quase sempre, há algo em comum: elas ocupam o corpo com segurança e verdade.
Não é sobre tamanho, nem sobre idade. É sobre vitalidade encarnada.
E se existe uma força feminina que vale a pena cultivar, é essa:
A que sustenta você por dentro, com beleza e firmeza, todos os dias.
Se existe uma ideia que precisa urgentemente ser deixada para trás na fase da menopausa, é a de que “quanto mais intenso o treino, melhor o resultado.”
Na verdade, para muitas mulheres — especialmente as que não têm o hábito regular de se exercitar — essa estratégia pode fazer exatamente o contrário do que se espera.
O famoso “treinar até cair”, suar até o limite, sair do treino exausta e dolorida, pode até parecer eficaz nos primeiros dias. Mas, com o tempo, o que aparece é: mais inflamação,
piora dos sintomas (como insônia, irritabilidade, ondas de calor),
dificuldade de emagrecer,
e uma sensação de esgotamento físico e emocional.
Por que isso acontece?
Porque o corpo na menopausa muda.
O metabolismo fica mais sensível ao estresse.
A reserva hormonal está mais baixa.
O cortisol (hormônio do estresse) já costuma estar alterado.
E quando sobrecarregamos ainda mais com treinos muito intensos, o organismo entra em um estado de defesa — e não de construção.
Agora, é claro que tudo depende da sua realidade individual. Se você já tem o hábito de treinar com frequência e isso faz parte da sua rotina há anos, manter esse ritmo pode ser possível e até benéfico — desde que respeite os sinais do corpo e ajuste o plano conforme sua fase hormonal.
Mas o que mais vejo no consultório são mulheres que:
Para essas mulheres — que são a maioria — o segredo não é começar com intensidade, mas com consistência e gentileza.
Treinar com inteligência.
Adaptar o exercício à realidade hormonal e energética do corpo maduro.
Priorizar recuperação, nutrição, sono e constância.
Essa é a base do treino eficiente: menos quantidade, mais qualidade.
menos pressa, mais presença.
menos exaustão, mais regeneração.
Aqui vai um exemplo prático que falo muito para minhas pacientes:
Você pode ter resultados maravilhosos com 3 treinos de força por semana, bem planejados e bem executados — especialmente se forem acompanhados de uma alimentação adequada e um sono de qualidade.
Porque o músculo não cresce no treino.
Ele cresce na recuperação.
É enquanto você dorme, enquanto se alimenta com o que o corpo precisa, que os processos de reconstrução acontecem.
Por isso, escuta corporal não é frescura — é estratégia.
Respeitar seus ciclos, ajustar a intensidade conforme o seu dia, descansar quando necessário, não é “frouxidão”.
É sabedoria fisiológica.
Na menopausa, o que mais traz resultado não é o treino que te esgota, é o treino que te sustenta.
Ganhar massa muscular na menopausa não precisa (e nem deve) ser um processo sofrido, pesado ou exaustivo.
A ideia aqui é crescer força com elegância. Com escuta. Com constância.
E sim, é totalmente possível fazer isso de forma leve e adaptada à sua realidade.
Se tem uma estratégia que funciona — mesmo para quem está começando do zero — é a musculação progressiva.
Não precisa ser com cargas enormes nem treinos longos. Mas precisa ser feita com regularidade e aumentos graduais de estímulo, para que o músculo entenda que precisa crescer.
O foco aqui não é “bombar”. É manter os músculos ativos, densos, funcionais.
Treinar com propósito é saber o porquê de cada movimento, e sentir que aquilo está te fortalecendo por dentro e por fora.
Para muitas mulheres, a musculação tradicional não é atrativa. E tudo bem!
Há outras formas de estimular seus músculos com eficiência:
A variedade de estímulos pode até potencializar os resultados — e manter o prazer no processo.
Tem mulher que simplesmente não gosta de academia. E está tudo certo!
Você pode construir massa muscular de forma eficiente com:
O que importa é manter o corpo em desafio constante, dentro de um ritmo que te nutre — e não que te drena.
Se, ao contrário disso, você estiver mais cansada, irritada, com dores ou sem prazer, pode ser hora de ajustar a estratégia.
Escutar seu corpo é o caminho mais fiel para manter o equilíbrio.
E mais do que buscar um plano ideal, busque um plano realizável, leve, prazeroso e adaptável à sua vida hoje.
Quando pensamos em “ganhar músculo”, ainda é comum associar isso apenas à estética.
Mas na verdade, músculos saudáveis transformam todo o seu estilo de vida — do seu humor à sua libido, da sua disposição ao seu sono.
Mais músculo = mais vitalidade.
E isso não é metáfora. É fisiologia pura.
Quando o corpo tem massa muscular suficiente:
Músculo saudável é movimento interno e externo. É corpo que responde, que acolhe e que colabora com você — não que trava ou sabota.
Não tem como falar de ganho de massa muscular sem lembrar da alimentação.
A construção muscular depende diretamente da ingestão adequada de:
Se esse assunto mexe com você, deixo o convite para visitar a seção do blog “Novo Código Nutricional”, onde falo com profundidade sobre como ajustar sua alimentação para sustentar o corpo e o metabolismo na menopausa.
Essa talvez seja a virada de chave mais importante:
Exercício é autocuidado.
Exercício é presença.
Exercício é amor.
Quando você se movimenta com carinho, com intenção, com escuta… o treino vira um ritual.
Não precisa ser o mais intenso, nem o mais longo.
Mas precisa fazer sentido para você.
Treinar não é corrigir seu corpo. É cuidar dele.
É conversar com ele.
É dar a ele o suporte que precisa para continuar te levando onde você quer ir — com prazer, liberdade e saúde.
Algumas das transformações mais bonitas que vejo no consultório não são visíveis a olho nu. Elas não aparecem na balança, nem nas medidas.
Elas aparecem no brilho no olhar. No sorriso de alívio. Na frase dita com firmeza:
“Eu não sabia que podia me sentir assim.”
São mulheres que um dia também tiveram medo de “ficar fortes demais”.
Que achavam que musculação era para os outros.
Que viam o exercício como castigo, e não como conquista.
Mas ao longo do processo — com escuta, consistência e respeito pelo próprio corpo — descobriram uma nova forma de estar no mundo.
Uma forma mais estável, mais segura, mais viva.
“Hoje eu tenho energia pra fazer coisas no meu dia que não conseguia há muito tempo. Parece pequeno, mas me senti invencível.”
“Eu voltei a subir escadas sem dor no joelho. E comecei a dançar de novo. É como se eu tivesse voltado pra mim.”
“Achei que treino era vaidade. Agora vejo que é liberdade. Não dependo mais de ninguém para carregar mais nada pra mim.”
Essas histórias são reais. E são mais comuns do que parece.
São mulheres que redefiniram o que é ser forte:
Não é sobre aparência. É sobre funcionalidade, autonomia, autoestima.
E também redefiniram o que é ser feminina:
Não é sobre delicadeza frágil, mas sobre potência sensível.
Sobre um corpo que se sustenta com suavidade.
Que ama quem é — e não quem “deveria” ser.
Treinar se tornou, para elas, um momento de reconexão.
De celebração.
De lembrar, a cada repetição, que ainda há muito o que viver — com energia para sentir, fazer, criar, curtir.
Chegando até aqui, talvez algo dentro de você já esteja diferente.
Talvez aquele medo sutil de “ficar forte demais” tenha se suavizado.
Ou talvez, pela primeira vez, você esteja olhando para os músculos do seu corpo com admiração — e não com julgamento.
E que bom. Porque construir músculos na menopausa não rouba a sua feminilidade. Realça o seu poder.
Poder de se mover com autonomia.
Poder de sustentar a si mesma.
Poder de atravessar os anos com vitalidade e prazer — no corpo e na alma.
Essa fase da vida, tão marcada por mudanças, também pode ser uma fase de renascimento corporal.
Você pode escolher cuidar de si com mais presença, mais consciência, mais intenção.
E o caminho da força pode ser leve. Pode ser fluido. Pode ter a sua cara, o seu ritmo, o seu jeito de ser mulher.
Não é preciso se exaurir para florescer.
Nem se encaixar em modelos rígidos para se sentir viva.
Você só precisa de uma coisa: reconexão com a sua força interna.
Ela já está aí — mesmo que adormecida.
E quando você começa a alimentá-la com movimento, com nutrição, com amor… o corpo acompanha.
Ele responde. Ele floresce.
Então, aqui vai meu convite mais sincero: Dê esse passo com você.
Descubra sua força suave.
E permita-se viver uma menopausa com músculos, sim — mas com leveza, saúde, feminilidade e verdade.
O corpo maduro tem muito a oferecer.
E ele merece ser forte — para te levar ainda mais longe.
A menopausa é, sem dúvida, um ponto de virada. Mas não só no corpo.
Ela também transforma nossa forma de estar no mundo — e de nos relacionarmos com as outras mulheres.
É uma fase que, quando bem vivida, nos convida a algo muito bonito: expressar mais, reter menos, contribuir de forma mais verdadeira.
Com o tempo, começamos a perceber que nossa história tem valor. Que tudo aquilo que já vivemos, sentimos e superamos pode ser ponte para outras mulheres. E que compartilhar não é sobre ensinar ou ditar regras — é sobre criar conexão, gerar identificação, oferecer um respiro para quem está passando por algo parecido.
Falo isso com total consciência de causa.
Eu mesma tenho um certo desafio aqui:
por ter convivido com tantos professores e ter vindo de uma formação muito acadêmica, acabei absorvendo a ideia de que, se eu for falar algo, tenho que “dar aula”.
Está tão enraizado, que às vezes me pego tentando explicar demais, conceituar demais — quando, na verdade, o mais potente seria simplesmente contar:
“olha, isso aconteceu comigo… e foi assim que vivi.”
Compartilhar experiências exige um outro lugar interno.
É um exercício de presença, escuta e vulnerabilidade.
E confesso: tenho treinado isso. Tenho me vigiado, me ajustado, me permitido falar de vivências, não de fórmulas.
E esse processo tem sido libertador — para mim, e para muitas das mulheres que atendo e com quem troco.
Este artigo nasce desse lugar.
Um lugar de descoberta: de que contribuir não é ter todas as respostas, mas sim se abrir para conversas reais.
De que inspirar é um movimento suave, que nasce da coerência entre o que se vive e o que se compartilha.
Minha intenção aqui é te lembrar — com delicadeza e firmeza — que você também tem algo a dizer.
E que a sua história, mesmo que pareça simples ou desinteressante pra você, pode transformar o dia (ou até a vida) de outra mulher.
Você já parou para pensar que, só por ser quem é — com sua história, suas escolhas, seus silêncios e recomeços — você já está inspirando outras mulheres ao seu redor?
A gente costuma associar a palavra “referência” a alguém com muitos seguidores, que dá palestras, escreve livros ou aparece em programas de TV.
Mas no dia a dia, a verdadeira inspiração acontece em escala íntima e silenciosa.
Está na amiga que observa como você lida com os desafios.
Na filha que vê como você cuida do corpo e da mente com mais presença.
Na vizinha que nota sua leveza ao falar da menopausa sem vergonha ou tabu.
Ser referência não exige palco. Exige presença.
Um gesto, uma fala, um novo hábito que você adotou podem plantar sementes na vida de alguém.
E muitas vezes, você nem percebe.
Só que isso não diminui o impacto — pelo contrário, torna tudo ainda mais genuíno.
A gente esquece que o cotidiano é potente.
Aquilo que você superou com esforço.
A forma como você reorganizou sua alimentação.
Como aprendeu a dormir melhor, a dizer não, a desacelerar…
Tudo isso é sabedoria acumulada.
Sabedoria viva, que merece ser compartilhada.
Mas tem um detalhe importante aqui:
o silêncio nem sempre é uma escolha consciente.
Muitas vezes, a gente se cala por autocrítica.
Por achar que “não tem nada demais” no que vivemos.
Ou por imaginar que, para contribuir, é preciso estar absolutamente pronta, formada, perfeita.
Só que não é bem assim.
Sua experiência vale. Seu caminho importa.
Mesmo que não seja “extraordinário”.
Mesmo que ainda esteja em construção.
Mesmo que tenha sido feito com tropeços.
E outra crença que precisa ir embora: a de que contribuir só vale se for para uma grande plateia.
Pode ser para muitas pessoas, sim — se for da sua natureza, do seu desejo.
Mas também pode ser para uma única mulher.
Uma amiga, uma vizinha, uma paciente, uma irmã, uma desconhecida num grupo de conversa.
Uma palavra sua pode ser o sopro que alguém precisava para mudar a rota.
Você já inspira.
Agora talvez seja hora de inspirar com mais consciência.
Com mais leveza, com mais intencionalidade.
Sem a obrigação de ensinar, mas com a vontade de se conectar.
Tem uma grande diferença entre querer ensinar e simplesmente se colocar de forma verdadeira no mundo.
E essa diferença muda tudo.
Quando tentamos ensinar, muitas vezes entramos num lugar de correção, como se houvesse um único caminho certo — o nosso.
Mas quando a intenção é compartilhar, sem impor, a energia muda. A conversa se abre. A outra pessoa se sente acolhida, e não julgada.
É aí que começa a mágica da contribuição real.
Contribuir não exige títulos.
Nem discurso pronto.
Muito menos perfeição.
Na verdade, o que mais toca as outras mulheres é a vulnerabilidade com afeto.
É dizer: “eu também tive dúvidas”, “ainda estou aprendendo”, “olha o que tem funcionado pra mim…”
E posso te contar o que tenho feito por aqui?
De uns tempos pra cá, reorganizei minha rotina com mais carinho por mim mesma.
Meus filhos cresceram e deixaram de depender de mim o tempo todo — e isso abriu um espaço na minha agenda que antes eu nem imaginava que existia.
E, com esse espaço, eu escolhi preencher com coisas que me fazem bem.
Pela manhã, faço exercícios — quando percebo que meu corpo tem mais energia. E pra não enjoar nem cair na obrigação, eu vario: pilates, yoga, musculação, caminhadas… depende do dia e do meu ritmo.
O almoço ainda é um ponto a melhorar. Confesso que raramente paro com presença. Como rápido, já pensando no compromisso seguinte. Mas já perceber isso me ajuda a buscar pequenas mudanças.
À noite, coloco um despertador pra sair do computador e das redes sociais. Não abro espaço para conversas difíceis. Diminuo as luzes da casa, tomo um banho gostoso, e às vezes um chazinho me ajuda a acalmar. Uma música leve ou uma meditação também entram nesse ritual.
Não tem fórmula.
Mas tem intenção.
Tem presença.
Tem escuta.
E contar isso aqui não é porque acho que acertei.
É só porque talvez, ao ler, você perceba algo em si que também quer ajustar.
Ou se lembre de algo que te fazia bem e ficou esquecido.
Ou simplesmente se sinta acompanhada.
Porque contribuir é isso: tocar alguém sem precisar ensinar.
É oferecer a sua experiência como uma referência possível — não como regra.
É dizer: “você não está sozinha”.
Vivemos num tempo em que tudo precisa ser rápido, jovem, produtivo e visualmente perfeito.
Nesse cenário, o que é maduro, profundo e silencioso muitas vezes é descartado, ignorado ou esquecido.
E isso afeta diretamente nós, mulheres maduras.
Não é raro ver profissionais incríveis sendo substituídas por “novidades”.
Mulheres cheias de vivência se silenciando por acreditarem que já não têm mais espaço ou voz.
É como se o mundo dissesse: “você já deu o que tinha que dar” — quando, na verdade, é agora que temos tanto a contribuir.
Mas há uma forma poderosa de resistir a esse apagamento: a presença.
A presença que vem de quem já se conhece melhor.
De quem não precisa mais provar nada pra ninguém.
De quem fala com verdade — e por isso, é escutada com o coração.
A maturidade nos dá algo raro: a chance de ser ponte entre gerações.
De acolher mulheres mais jovens com menos julgamento e mais empatia.
De dizer: “eu também não sabia, mas hoje entendo um pouco mais.”
De trazer à tona conversas que ainda são evitadas — como o impacto da menopausa na saúde física, emocional e sexual, por exemplo — e fazer isso com naturalidade.
Falar da nossa vivência não é sobre dar aula de novo (olha eu me policiando outra vez!).
É sobre ajudar a normalizar o que muitas ainda escondem.
É sobre abrir caminhos onde antes só havia silêncio.
Quando uma mulher compartilha que reorganizou sua rotina, que acolheu sua libido do jeito que ela está, que buscou um novo propósito depois dos 50…
Ela está dizendo, sem precisar gritar:
“Você também pode. Você não está atrasada. Você não está sozinha.”
Esse é o valor da experiência madura:
Ela não precisa se impor — ela se oferece.
Com doçura, com firmeza, com verdade.
E acredito que, quando oferecida com consciência, ela se torna cura coletiva.
Quando falamos em “compartilhar experiências”, muitas mulheres logo pensam:
“Mas eu não tenho rede social ativa…”
“Não gosto de me expor assim…”
“Não quero parecer que estou me promovendo…”
E tudo bem.
Contribuir não precisa acontecer num palco digital.
A sua sabedoria pode circular em conversas simples, em encontros reais, em gestos cotidianos.
Às vezes, um bate-papo sincero com uma amiga já transforma.
Às vezes, aquele café com uma irmã, uma filha, uma colega de trabalho, cria um espaço de escuta que muda a forma como ela se enxerga.
Às vezes, contar como você está se reorganizando nessa fase, com honestidade, é tudo que alguém precisa pra começar a olhar com mais carinho pra si mesma.
Também existem tantas formas lindas de contribuir que não envolvem exposição:
E o mais importante:
você tem todo o direito de escolher o que deseja entregar — e o que deseja preservar.
Compartilhar não é sinônimo de se abrir completamente.
Você pode selecionar momentos, episódios, reflexões que fazem sentido naquele contexto, com aquela pessoa.
E manter, com respeito, aquilo que ainda é só seu.
Compartilhar é diferente de se expor.
Compartilhar é abrir um pouquinho de luz, e perceber que ela toca outros caminhos — sem deixar de aquecer o seu.
Seja no privado, no coletivo, no silêncio ou na escuta…
toda partilha consciente reverbera.
E você não precisa de aplausos — só de presença e intenção.
Vivemos em um mundo onde tudo parece ter que ser impecável.
Na vitrine das redes sociais, vemos corpos sem falhas, vidas organizadas, relações harmônicas, conquistas constantes.
Mas aqui, nesse espaço que estamos criando juntas, o convite é outro.
É para mostrar o imperfeito — com presença, com consciência, com verdade.
Compartilhar sua experiência não é sobre expor feridas abertas.
É sobre se permitir ser humana e inteira — inclusive nos tropeços, nas dúvidas, nas adaptações que a maturidade pede.
É se vulnerabilizar sem se vitimizar.
Porque sim, há uma diferença grande entre os dois.
A vulnerabilidade autêntica cria conexão.
O vitimismo, por outro lado, é uma armadilha sutil: ele se apresenta como frágil, mas no fundo quer controle.
Quer dominar a narrativa, capturar a atenção, permanecer estático.
E você já percebeu?
A vítima não se move. Ela paralisa.
O movimento, ao contrário, é o que liberta.
É o que nos devolve a potência.
É o que ativa a mulher que está viva — e não presa numa identidade de dor.
Por isso, cada vez que você compartilha sua jornada com consciência — mesmo que seja só com uma amiga, um grupo íntimo, uma roda de conversa —
você não está apenas ajudando alguém.
Você está também curando partes suas que precisavam ser reconhecidas, nomeadas, ressignificadas.
É nesse momento que você descobre algo lindo:
Que não precisa de título, de palco, nem de manual.
Que você pode ser o que chamo de Mentora de Vida.
Hoje há mentores para tudo: de carreira, de performance, de produtividade, de estilo de vida.
Mas ser mentora de vida é diferente.
É algo que nasce da vivência. Da travessia. Da escuta.
É dizer: “eu passei por isso, e sigo aprendendo… mas posso te oferecer minha presença nesse caminho.”
Você não precisa ter todas as respostas.
Mas já tem a sabedoria de quem viveu com coragem.
E isso é o suficiente para inspirar profundamente quem cruza o seu caminho.
Contribuir é esse gesto:
transformar a própria estrada em farol — sem gritar, sem brilhar demais — só iluminando com leveza o que está à frente.
Chegando ao final deste texto, talvez você esteja se perguntando:
“Será que eu realmente tenho algo a oferecer?”
E eu te digo com toda a certeza: sim, você tem.
E não porque sua história seja perfeita, mas porque ela é real.
A sua trajetória — com seus recomeços, suas conquistas discretas, seus ciclos de dor e superação —
é fonte rica de contribuição.
E quando é compartilhada com verdade, sem a pressa de ensinar nem a necessidade de convencer, ela toca, transforma, acolhe.
Não precisa ser um grande feito.
Às vezes, é um gesto. Uma palavra. Um olhar presente.
Ou simplesmente uma escuta genuína, num mundo que grita demais e escuta de menos.
Por isso, te deixo um convite muito simples — mas poderoso:
Escolha, ainda hoje, um gesto de partilha.
Um que seja leve, confortável, verdadeiro.
Que nasça do seu coração, e não da obrigação.
Pode ser escrever para uma amiga.
Falar sobre algo que te ajudou.
Participar de uma roda de conversa.
Ou até simplesmente contar uma história que te fez crescer.
Porque movimento também é isso:
É afetivo.
É coletivo.
É invisível aos olhos, mas profundo no impacto.
É se colocar no mundo com mais alma do que forma.
E, no fim, é isso que somos:
pontes.
Entre mulheres. Entre gerações.
Entre quem fomos e quem ainda estamos nos tornando.
Você não precisa ser especialista.
Você pode ser o que tantas precisam encontrar:
uma presença sincera. Uma mentora de vida. Uma chama que aquece sem queimar.
“Ao dividir sua luz, você não se apaga.
Você acende caminhos.”
E é nesse caminho que seguimos — juntas.
]]>Você deita na cama, mas o corpo não relaxa.
A cabeça está cheia. Os pensamentos seguem rodando em alta velocidade, mesmo com os olhos fechados.
Durante o dia, qualquer pequeno estresse parece maior do que é.
A irritação vem fácil. O medo aparece do nada.
E a mente vive em estado de urgência.
Essa sensação de estar sempre “ligada” — por dentro, mesmo sem motivo evidente — tem sido cada vez mais comum entre mulheres na menopausa.
E o mais importante: isso não é normal.
É frequente, sim. Mas não deveria ser tratado como parte obrigatória da maturidade.
Esse estado de alerta constante desgasta o corpo, bagunça os hormônios, prejudica o sono, o intestino, o metabolismo — e mina a sensação de presença e clareza.
Enquanto a mente corre, o corpo paralisa.
É como se a energia ficasse presa na cabeça, e o resto do corpo entrasse em modo de espera.
As tensões vão se acumulando. A respiração encurta.
E mesmo tentando “descansar”, nada realmente se reorganiza.
Esse desencontro entre mente e corpo é o que alimenta o caos mental.
E é justamente aí que o movimento entra como uma ponte.
Mas não qualquer movimento.
Não o exercício feito no automático, sem presença, só para cumprir planilhas ou queimar calorias.
Estamos falando de movimento consciente.
Aquele que reconecta você ao que sente. Que te ancora no agora. Que reorganiza, suaviza, traz de volta a lucidez.
Este artigo é um convite para compreender como o movimento pode ser muito mais do que físico.
Ele pode ser ferramenta de autocuidado profundo — capaz de acalmar o sistema nervoso, liberar emoções represadas e restaurar o eixo corpo-mente.
Na menopausa, o corpo muda —
mas continua sendo seu lar.
E quando você se move com presença, cada passo pode ser um retorno para si mesma.
É exatamente isso que muitas mulheres me relatam no consultório: elas caminham, fazem aulas de ginástica, passam suor na esteira, mas o corpo não responde.
O peso não muda, a disposição não melhora e, em alguns casos, os sintomas da menopausa até se intensificam. Resultado? Frustração. Cansaço. A sensação de estar se esforçando para nada.
A verdade é que mexer o corpo por mexer já não funciona na menopausa como funcionava antes. Isso não significa parar de se exercitar — muito pelo contrário. Significa aprender a treinar com inteligência. Com propósito. Com uma escuta mais refinada do que o seu corpo realmente precisa nesta nova fase.
A menopausa muda o metabolismo, os músculos, o ritmo da recuperação, a forma como lidamos com o estresse. Se tudo isso mudou, por que o treino deveria ser o mesmo de antes?
Talvez você esteja dando ao seu corpo mais esforço do que ele precisa — e menos estímulo do que ele realmente valoriza.
Neste artigo, quero te mostrar o caminho do exercício estratégico, não exaustivo. O tipo de movimento que respeita a fisiologia da menopausa, que sustenta sua saúde e que te devolve força ao invés de te sugar.
Menopausa ativa, sim — mas com sabedoria.
Vem comigo descobrir como fazer o seu treino trabalhar a seu favor — e não contra você.
Se você sente que está fazendo tudo “certo” — dieta equilibrada, atividade física regular, força de vontade — e mesmo assim o corpo não responde como antes, saiba: você não está sozinha. E isso não é culpa sua.
Durante a menopausa (e especialmente no caminho até ela, a famosa perimenopausa), há uma queda natural dos hormônios sexuais, principalmente o estrogênio. E esse declínio impacta diretamente o funcionamento do seu corpo em várias frentes ao mesmo tempo.
O estrogênio não atua apenas nos ovários. Ele influencia o metabolismo, a saúde dos músculos, a distribuição de gordura corporal, a sensibilidade à insulina e até o sistema nervoso central.
Com a queda desse hormônio, o corpo entra em um estado de maior resistência à perda de gordura, perde massa muscular com mais facilidade e reage pior ao estresse — inclusive ao estresse do próprio exercício.
Isso significa que treinos exaustivos, muito intensos ou repetitivos, que funcionavam bem em outras fases da vida, agora podem:
Como nutricionista especializada em menopausa, vejo muitas mulheres exaustas e inflamadas por estarem fazendo “mais do mesmo”, acreditando que precisam apenas “malhar mais” para ver resultado. E isso só as afasta do equilíbrio que tanto buscam.
Aquela ideia de que o treino ideal é o que mais faz suar ou queima mais calorias está ultrapassada — principalmente para quem já passou dos 40.
O exercício na menopausa precisa ser funcional, consciente e estrategicamente direcionado para preservar músculos, modular o metabolismo e proteger ossos e articulações.
Mais importante do que queimar gordura é ensinar o corpo a trabalhar com mais eficiência — mesmo com menos hormônios.
E isso exige mudança de foco:
Porque o corpo está diferente — e isso não é um problema.
É apenas um novo código. E a boa notícia é que ele pode ser reprogramado.
Depois de tantos anos ouvindo que a gente precisa “gastar energia”, “se mexer mais”, “suprimir calorias” e “acelerar o metabolismo”, é natural que muitas mulheres entrem na menopausa acreditando que o corpo precisa ser forçado a funcionar. Mas o que a fisiologia dessa fase nos mostra é o oposto: menos empurrão e mais estratégia.
Como nutricionista especializada em menopausa, observo diariamente que quando a alimentação e o estilo de vida não estão alinhados ao novo ritmo do corpo, nem mesmo o melhor treino do mundo vai dar resultado. E o inverso também é verdadeiro: quando o exercício respeita as necessidades hormonais, metabólicas e emocionais da mulher madura, ele se torna um verdadeiro catalisador de bem-estar e longevidade.
O exercício que realmente funciona na menopausa precisa atender a três pilares fundamentais:
Não se trata de treinar “pesado” ou “leve”, mas sim de treinar com intenção, coerência e consistência.
A musculação, nesse contexto, deixa de ser uma opção estética e passa a ser um instrumento terapêutico.
Ela ajuda a prevenir a sarcopenia (perda de massa muscular), fortalece a estrutura óssea (combatendo a osteopenia e a osteoporose) e mantém o metabolismo mais ativo, mesmo com a queda hormonal.
Mas atenção: não é sobre fazer treinos exaustivos, com volume excessivo ou sem orientação. É sobre estimular o corpo com qualidade, respeitando os limites individuais e o momento de vida.
Os treinos intervalados de alta intensidade (HIIT) podem ser aliados interessantes quando bem aplicados. Eles favorecem a queima de gordura e a resposta hormonal.
Mas na menopausa, menos é mais. Quando feitos com exagero ou sem recuperação adequada, aumentam o estresse fisiológico, elevam o cortisol e podem gerar efeito rebote.
O segredo está na dosagem, no tempo certo e, principalmente, na escuta do corpo. E isso só é possível com acompanhamento profissional.
As práticas restaurativas são tão ou mais importantes quanto as de força. Elas ativam o sistema parassimpático, o que ajuda a reduzir os sintomas da menopausa ligados ao estresse, como insônia, ansiedade, alterações de humor e até dores físicas.
Yoga, pilates, alongamentos conscientes, técnicas de respiração e até caminhadas contemplativas ajudam a reconectar o corpo com a mente, promovendo equilíbrio hormonal e emocional.
Mais do que seguir tendências de treino, a menopausa pede coerência com o que você precisa e com o que te dá prazer.
Movimentos que respeitam o corpo de hoje. Atividades que podem ser feitas com alegria e constância — sem culpa e sem imposição.
Como nutricionista, meu olhar para os exercícios parte de uma compreensão fisiológica e metabólica do corpo da mulher na menopausa. Eu não sou educadora física, nem fisioterapeuta — e tenho profunda admiração pelo trabalho desses profissionais, que são essenciais para ajustar o “como” fazer com segurança e precisão.
O que trago aqui não são prescrições de treino, mas sim reflexões sobre o que o corpo precisa nessa fase — e como podemos repensar nossas escolhas para não desperdiçar energia onde não faz mais sentido.
Portanto, leia este conteúdo como ponto de partida, não como ponto final.
Converse com seu educador físico, seu fisioterapeuta — leve essas informações para somar com o conhecimento técnico deles.
Juntos, vocês vão encontrar o melhor caminho.
Pode parecer estranho dizer isso, mas às vezes o que mais drena a sua energia não é o sedentarismo — é o excesso de esforço mal direcionado.
E na menopausa, isso é mais comum do que se imagina.
Você se esforça. Treina. Suporta a rotina puxada. Segue uma alimentação correta. Mas mesmo assim, está sempre exausta, o peso não muda, o sono piora e o humor oscila.
Se isso te soa familiar, talvez o problema não esteja na sua disciplina — mas na estratégia.
Talvez seu corpo esteja pedindo um ajuste de rota.
Uma das queixas mais comuns que ouço no consultório é: “Eu termino o treino me sentindo pior do que quando comecei.”
Ou ainda: “Fico o resto do dia esgotada, como se tivesse gastado toda a bateria.”
Na menopausa, essa resposta é um sinal claro de que o exercício está sendo mais agressivo do que benéfico.
Quando o treino não respeita o ritmo do seu corpo, ele deixa de ser estimulante e passa a ser esgotante.
Você faz tudo “certo”, mas o peso não cede.
Talvez o corpo esteja em estado de alerta constante — e isso gera acúmulo de gordura, especialmente abdominal.
Esse é o efeito do cortisol elevado, que inibe a queima de gordura e dificulta a resposta ao emagrecimento, mesmo com déficit calórico.
Sabe aquela sensação de que tudo dói, que o sono sumiu e o nervosismo tomou conta?
Pode ser consequência de um treino que está gerando mais estresse fisiológico do que adaptabilidade.
Isso inflama o corpo, desequilibra o sistema nervoso e fragiliza até a sua imunidade.
Se você começa a enxergar o treino como um castigo…
Se vai porque “tem que ir”, mas volta pior do que saiu…
Se sente culpa por não conseguir fazer o que fazia antes…
Atenção.
O movimento na menopausa precisa ser aliado da sua autorregulação, não uma fonte de sofrimento.
A relação com a atividade física deve ser de respeito e escuta, não de punição.
Corpo não é inimigo. Sintoma não é falha. Cansaço não é preguiça.
O primeiro passo é mudar o foco de “treinar mais” para “treinar melhor”.
E isso começa com perguntas simples, mas poderosas:
Se as respostas indicam desequilíbrio, é hora de reavaliar a intensidade, o tipo e a frequência dos seus treinos.
E mais importante: é hora de pedir apoio a profissionais que saibam ajustar esse plano de forma personalizada, pensando na sua fase de vida e nos seus objetivos reais.
Porque você merece se sentir bem com o próprio corpo — e isso não vem do esforço cego, mas do movimento inteligente.
Quando a gente fala em “treinar com inteligência”, algumas pessoas imaginam uma fórmula mágica ou um método mirabolante. Mas, na verdade, a base do treino inteligente é simples e acessível: menos excesso, mais estratégia. Menos cobrança, mais consciência.
E a melhor parte? Você não precisa virar atleta, nem mudar radicalmente sua rotina para começar.
Pequenas mudanças consistentes têm um impacto enorme, principalmente quando seu corpo já está pedindo por algo diferente.
Na menopausa, não é o treino mais longo, nem o mais intenso que vai te dar os melhores resultados.
É aquele que respeita seu tempo, sua fase, seu corpo.
É aquele que ativa sem agredir, que fortalece sem inflamar, que renova sem esgotar.
Um treino de 30 minutos, com atenção à postura, respiração e estímulo certo, pode ser muito mais eficiente do que 1 hora de exaustão em alto impacto.
Seu corpo de agora não é o mesmo de cinco anos atrás — e tudo bem!
A beleza dessa fase está justamente em aprender a ouvir os novos sinais que ele te dá.
Pergunte-se:
Treinar de forma inteligente é treinar com escuta ativa.
E é aqui que entra a importância da personalização — não há uma receita única.
Você não precisa fazer isso sozinha — e, sinceramente, nem deveria.
Contar com o olhar de um educador físico, um fisioterapeuta ou outros profissionais do movimento pode fazer toda a diferença.
Eles saberão adaptar intensidade, técnica, progressão e foco, respeitando suas limitações e objetivos.
E claro, a nutrição entra junto nesse processo: é ela quem garante que o corpo esteja nutrido, regenerando tecidos, equilibrando hormônios e respondendo bem aos estímulos do treino.
A menopausa é uma fase que exige parceria entre áreas — e isso é algo que valorizo profundamente na minha prática.
Nada de pressa. Nada de metas que não fazem sentido para sua realidade.
O segredo está em começar de onde você está, com o que tem, e manter constância.
O corpo responde — desde que se sinta seguro, respeitado e acolhido.
Treinar 3 vezes por semana, com estímulos bem pensados, pode trazer resultados surpreendentes.
E lembre-se: progredir não é fazer mais — é fazer melhor.
Aqui vai uma ideia de estrutura simples e gentil, que pode ser ajustada com o apoio de um profissional:
E aqui vai um dado importante para trazer mais consciência à sua rotina: Pessoas que dão menos de 7 mil passos por dia são consideradas sedentárias.
O ideal, segundo estudos mais recentes, é atingir pelo menos 10 mil passos diários para ser considerada uma pessoa fisicamente ativa.
Se você tem um celular com pedômetro ou um relógio smart, use isso a seu favor!
Monitore seus passos diariamente e transforme esse número em uma meta pessoal e possível.
Nem sempre dá para bater os 10 mil, e tudo bem — mas se você fizer disso um hábito, verá como o seu corpo responde positivamente ao simples ato de caminhar mais, com intenção.
Nada disso precisa ser rígido. A ideia é que o movimento esteja a serviço da sua vitalidade — e não o contrário.
A menopausa não é uma linha de chegada, nem uma corrida contra o tempo.
Não é sobre voltar ao corpo de antes — é sobre cuidar do corpo que você habita agora, com o olhar atento de quem quer viver bem, com presença e qualidade, por muitos e muitos anos.
O exercício certo nessa fase não é aquele que te esgota, que te faz se sentir em dívida, nem aquele que segue regras alheias.
É o que nutre seu corpo, respeita seu ritmo, protege sua saúde e devolve vitalidade.
A verdade é que corpo que se sente respeitado responde.
Com mais disposição, com mais prazer em se movimentar, com mais equilíbrio nos hormônios e no humor.
E mais: ele responde com saúde sustentável — aquela que não depende de extremos, mas de escolhas conscientes.
Então, se eu puder deixar um convite aqui, é este: Reescreva sua relação com o movimento.
Use-o como ferramenta de longevidade, de presença, de autorrespeito.
Mova-se com sabedoria — e não com culpa.
Você não precisa seguir um modelo pronto.
Mas precisa se permitir encontrar o seu caminho.
Porque na menopausa, mais do que nunca, movimento é vida.
E viver bem nessa fase é um ato de consciência — e de amor.