O Convite para Voltar a Sentir
A menopausa costuma ser vista apenas como uma fase de perdas. Mas, na prática — e na escuta que tenho todos os dias com mulheres incríveis — o que percebo é que ela é, sobretudo, uma fase de transição. Um momento profundo de questionamento e reconexão. É como se, em algum ponto da jornada, fôssemos convidadas a revisitar o que realmente importa. E, com isso, surge uma pergunta poderosa: onde ficou o meu prazer de viver?
Muitas de nós, ao chegarmos nessa fase, sentimos que o prazer foi sendo engolido pela rotina, pelos sintomas, pelas pressões diárias. As responsabilidades se sobrepõem às vontades. E o que antes nos fazia vibrar, simplesmente vai perdendo espaço.
Passamos décadas correndo. Dando conta de tudo. Cumprindo tarefas e papéis — muitas vezes sem parar para perceber o que de fato nos faz bem. É comum se desconectar do sentir. E, quando percebemos, estamos vivendo no automático, com um corpo cansado e uma alma um pouco esquecida.
Este artigo é um convite ao resgate. Um chamado gentil para voltar a si. Para se escutar com mais presença, se acolher com mais verdade, e se reconectar com o que pulsa.
Prazer, afinal, é movimento — e é isso que nos mantém vivas.
Aqui, eu também quero te apresentar um conceito que uso muito na minha vida e nos atendimentos: as “pílulas de felicidade”. São pequenas doses de prazer verdadeiro, que abastecem nossa energia emocional no dia a dia. Coisas simples, mas que têm o poder de nos lembrar quem somos e do que gostamos.
A maturidade é, talvez, o melhor momento para ressignificar o prazer. Nas relações, no corpo, no trabalho, na espiritualidade, no autocuidado. E, claro, também na alimentação — que é a minha grande paixão profissional.
Como nutricionista especialista em menopausa, vejo todos os dias o impacto de uma vida desconectada do prazer nas escolhas alimentares. Às vezes comemos por impulso, para aliviar tensões ou preencher vazios. Mas o prazer imediato de uma comida muito saborosa pode não trazer o bem-estar de longo prazo que desejamos.
Prazer de verdade é aquele que sustenta a leveza, a energia, a saúde. Aquele que nos devolve vitalidade para viver a fase madura com plenitude.
E só pra deixar bem claro: eu não sou terapeuta, nem tenho essa pretensão. Tenho enorme respeito por esse campo — inclusive sou filha de boas terapias (minha mãe e minha irmã são psicólogas!). Mas converso com tantas mulheres, ouço tantas histórias reais e emocionantes, que as reflexões brotam. E também venho de um caminho profundo de autoconhecimento que me inspira a compartilhar tudo isso por aqui.
Espero que, ao longo deste texto, você possa se reencontrar com partes suas que andavam meio adormecidas. E que descubra — ou redescubra — o que realmente te faz feliz.
Porque prazer não é luxo.
É base.
É raiz.
É combustível para viver com verdade.
O Que É Prazer na Menopausa?
Quando falamos em prazer, muita gente pensa imediatamente no campo sexual — e sim, ele faz parte. Mas aqui, eu quero ampliar essa ideia. Prazer é muito mais do que desejo ou libido. Prazer é entusiasmo. É brilho no olho. É aquela sensação de estar viva, presente e conectada consigo mesma. É quando algo dentro de você se acende, mesmo em pequenas coisas.
Na menopausa, essa conexão com o prazer pode parecer mais distante — e não é por acaso. As mudanças hormonais que acontecem nesse período afetam diretamente neurotransmissores como a dopamina e a serotonina, que são responsáveis por nos trazer motivação, satisfação e bem-estar.
Você já deve ter sentido isso na pele: coisas que antes te empolgavam, agora parecem meio sem graça. A vontade de fazer atividades que antes eram prazerosas diminui. É como se o prazer escorregasse entre os dedos, e a gente não soubesse bem onde foi parar.
E tem outro ponto importante que eu sempre trago para minhas pacientes: nem todo prazer é igual.
Existe o prazer imediato, que alivia uma tensão na hora — como um doce, uma compra, uma série vista de forma compulsiva. E existe o prazer genuíno, aquele que não só conforta, mas sustenta. O prazer que te traz leveza depois, e não culpa. Que te energiza em vez de esgotar.
Na alimentação, por exemplo, vejo isso todos os dias. Comer algo super saboroso pode trazer aquele alívio momentâneo, mas nem sempre deixa o corpo bem. Já quando escolhemos algo que nutre de verdade, que respeita essa nova fase do metabolismo, o prazer vem junto com disposição, clareza mental e até melhora do humor. E o mais bonito? Com o tempo, o corpo começa a desejar justamente aquilo que faz bem.
A verdade é que, com o passar dos anos, fomos sendo treinadas a colocar o prazer em segundo plano. Primeiro vêm os filhos, o trabalho, as contas, as demandas do mundo. E o nosso bem-estar vai ficando para depois — até que ele se torna quase um luxo.
Mas o prazer não é um luxo. É um direito. E mais do que isso: é um indicador de saúde emocional e energética.
Quando a gente se afasta do prazer genuíno, começa a surgir aquela apatia silenciosa. O corpo fica mais pesado, a mente mais nebulosa. E é aí que muitas mulheres me dizem: “eu não sei mais o que gosto…”. Eu passei por isso!
Esse é o sinal.
Não de que acabou.
Mas de que é hora de recomeçar com verdade.
Como o Prazer Se Perde ao Longo da Vida?
O prazer, quando a gente para para pensar, não se perde de uma vez só. Ele vai se esvaindo em pequenas renúncias diárias, muitas vezes invisíveis. E para nós, mulheres, esse processo começa cedo. Ainda jovens, já aprendemos a colocar as necessidades dos outros na frente das nossas. E vamos achando isso bonito, nobre, “maduro”. Até que um dia, sem perceber, a gente não sabe mais o que nos dá prazer.
A carreira, a maternidade, a casa, os relacionamentos… Tudo isso, em alguma medida, exige entrega. E, claro, pode ser fonte de realização também. Mas quando se torna um campo de exigência constante, sem espaço para o prazer pessoal, o corpo e a alma começam a cobrar a conta.
A cultura do “dar conta de tudo” reforça essa lógica. A mulher que resolve, que segura a barra, que concilia mil papéis — essa foi a imagem valorizada por muito tempo. Mas a verdade é que essa mulher, muitas vezes, está esgotada. E no esgotamento, não há espaço para o prazer.
Como nutricionista e como mulher que também vive essa fase, vejo o quanto essa desconexão tem impacto real no dia a dia. A paciente diz que está cansada, sem ânimo, irritada. Mas quando a gente vai aprofundando, percebe que ela não se escuta mais há anos. Não sabe o que a faz feliz, o que a acalma, o que a inspira. O corpo está pedindo socorro — e ele fala com sintomas: insônia, compulsões, queda de libido, tristeza inexplicável.
Quando falta tempo para si mesma, os desejos autênticos vão sendo silenciados. Você começa a viver mais para os outros do que para si. E o resultado é aquele estado crônico de irritação, o tédio que não passa, a sensação de cansaço emocional mesmo depois de dormir bem, a perda de interesse por coisas que antes te encantavam.
Se você sente que está nesse lugar, respira fundo.
Você não está sozinha. E ainda dá tempo.
Dá tempo de se escutar de novo. De se olhar com mais gentileza.
De perguntar: o que eu parei de fazer que me fazia tão bem?
O prazer não está perdido. Ele só está adormecido.
E esse artigo é um convite delicado para você começar a acordá-lo.
O Corpo Como Termômetro do Prazer
O corpo fala. E se a gente escutar com atenção, ele sussurra (ou grita) verdades que a mente às vezes ainda não consegue formular.
Muitas mulheres chegam até mim com queixas físicas diversas: cansaço persistente, dores no corpo, distúrbios no sono, compulsões alimentares. E quando começamos a conversar, logo percebo que essas manifestações não são apenas “sintomas da menopausa” — são também expressões de um corpo desconectado do prazer.
Quando o prazer se distancia da rotina, o corpo responde com:
- Tensão muscular constante, principalmente nos ombros, mandíbula e lombar.
- Insônia ou sono agitado, como se o sistema estivesse em estado de alerta permanente.
- Apatia, aquela sensação de estar ali, mas meio desligada de si mesma.
- Compulsões — por comida, por compras, por distrações — numa tentativa de preencher um vazio que, no fundo, é a ausência de satisfação real.
Por outro lado, quando estamos em contato com o prazer verdadeiro — aquele que nutre, que expande, que acalma — o corpo também se manifesta, mas de outra forma:
- A respiração fica mais profunda, fluida.
- Os músculos relaxam sem esforço.
- Os olhos brilham, a pele tem outra luminosidade.
- A energia circula com mais leveza, e o cansaço crônico começa a dar lugar a uma vitalidade silenciosa, mas potente.
Esse corpo vitalizado não é fruto de um milagre. É consequência de pequenas escolhas diárias que nos reconectam com o que sentimos de verdade.
Por isso, uma das práticas mais poderosas — e ao mesmo tempo mais negligenciadas — é a escuta corporal.
Começar o dia se perguntando: Como estou me sentindo hoje?
Ou terminar uma refeição observando: Isso me deixou bem ou me pesou?
Pausar no meio da tarde e notar: Como está meu corpo agora? Tenho respirado ou só estou funcionando?
Essas perguntas simples nos trazem de volta para dentro.
Nos lembram que o corpo não é uma máquina a ser empurrada, mas um radar delicado do que está ou não funcionando emocionalmente.
E se você quiser dar um passo a mais nessa reconexão, aqui vão algumas micropráticas para experimentar:
- Colocar uma música e dançar sozinha por 3 minutos — sem coreografia, só sentindo o que o corpo quer expressar.
- Fazer um escaneamento corporal antes de dormir, observando tensões e relaxando partes do corpo com a respiração.
- Receber um toque com presença (um automassagem nos pés, um creme aplicado com carinho).
- Comer algo devagar, com os olhos fechados, sentindo textura, temperatura, sabor.
- Sentar por 5 minutos ao sol e perceber como a pele responde ao calor e à luz.
Pequenos gestos.
Mas são essas microdoses de atenção que nos devolvem ao eixo do prazer.
E quando o corpo se sente visto, ele floresce.
O Que Te Faz Brilhar? Um Mergulho em Você
Toda mulher carrega dentro de si uma centelha que acende quando ela está conectada com o que ama. Um brilho no olhar, uma vibração no corpo, uma leveza que se espalha mesmo nos dias comuns. E se você parar agora para pensar: Quando foi a última vez que me senti assim?
Talvez tenha sido anos atrás. Talvez tenha sido em um momento simples — numa conversa boa, numa viagem, num dia em que você cozinhou sem pressa ou se entregou a uma dança inesperada.
Prazer tem muito a ver com autenticidade. Com estar inteira. Com fazer algo que, no fundo, parece que nasceu dentro de você.
Esse momento é um convite para olhar para trás — não com saudade paralisante, mas com curiosidade amorosa. Resgatar momentos da vida em que você se sentia viva, leve, espontânea, inteira.
E, então, se perguntar:
- O que estava acontecendo ali?
- Quem estava comigo?
- Que tipo de ambiente era aquele?
- O que eu fazia? Como eu me sentia?
- O que fazia tudo parecer mais fácil?
Identificar esses elementos é o primeiro passo para recuperar o seu “brilho”. Porque, na maioria das vezes, o prazer deixa pistas. Ele tem um padrão sutil. Pode ser a conexão com a natureza, o silêncio, o toque, a criação, o riso, a liberdade.
Para te ajudar nesse processo, deixo aqui uma sugestão simples e poderosa:
🌀 Monte sua Linha do Tempo do Prazer.
Pegue papel e caneta e desenhe uma linha com algumas fases da sua vida: infância, adolescência, juventude, maternidade (se houver), carreira, vida atual.
Em cada ponto, escreva ou desenhe os momentos em que você sentiu prazer verdadeiro. E também observe os vazios — fases em que esse brilho parece ter sumido.
Esse exercício é uma bússola. Ele não serve para “corrigir o passado”, mas para reconhecer os padrões que te nutrem de verdade — e trazer isso de volta para a sua vida agora.
Porque no fim das contas, o prazer tem tudo a ver com identidade.
A mulher que sente prazer em sua rotina, em seus encontros, em seus projetos, é uma mulher que está alinhada com quem realmente é.
Ela não vive para agradar, performar ou cumprir expectativas.
Ela vive para expressar — e essa expressão pode ser suave ou intensa, mas sempre é autêntica.
Esse brilho que você talvez ache que perdeu… ele está aí.
Apenas esperando que você olhe de novo. Com gentileza, com curiosidade, com amor.
Pílulas de Felicidade: O Prazer no Cotidiano
Muita gente pensa que prazer só aparece em momentos grandiosos: uma viagem inesquecível, uma grande conquista, um fim de semana de folga. Mas o prazer mais poderoso é aquele que se infiltra no dia a dia, mesmo quando a agenda está cheia, mesmo quando a vida exige demais.
Eu gosto de chamar isso de pílulas de felicidade.
São pequenas experiências sensoriais ou emocionais que abastecem nossa energia vital ao longo do dia. Como se fossem mini recargas para o corpo, a mente e o coração.
E o mais bonito é que elas não precisam ser caras, difíceis ou sofisticadas.
Elas só precisam ser verdadeiras.
Pode ser o cheiro de um café coado com calma.
Pode ser a brisa da manhã tocando o rosto.
Pode ser uma playlist que desperta memórias boas.
Pode ser um banho tomado com intenção, com óleos, com pausa.
Pode ser um telefonema leve, um carinho no pet, um trecho de livro lido em silêncio.
Cada mulher tem seu próprio cardápio de pílulas de prazer — e criá-lo é uma das práticas mais transformadoras que proponho para minhas pacientes.
🌿 Quer experimentar?
Faça uma lista com 10 coisas simples que te fazem bem.
Não pense no que “deveria” ser, mas no que realmente te nutre.
Depois, deixe essa lista visível. E, se possível, inclua ao menos uma dessas pílulas no seu dia. Todos os dias. Sem pressa, sem culpa.
Aqui vão algumas ideias que podem inspirar a sua:
- Uma playlist afetiva com músicas que te fazem sorrir ou dançar sozinha.
- Um banho com atenção plena, percebendo cada sensação, com óleos ou aromas que você ama.
- Uma caminhada ao ar livre, sem fone, só ouvindo os sons da vida.
- Uma xícara de chá em silêncio, olhando pela janela e não para a tela.
- Um texto escrito só para você, num caderno, sem filtro, só para deixar a alma respirar.
- Um café com uma amiga que te acolhe, sem julgamentos, sem pressa.
Agora, uma coisa importante:
Existe uma diferença entre prazer rápido e prazer verdadeiro.
Prazer rápido é aquele que alivia, mas logo passa (e às vezes cobra um preço depois).
Prazer verdadeiro é aquele que deixa rastro bom. Que acalma, que nutre, que expande.
O desafio — e a beleza — está em aprender a distinguir um do outro.
Quando você começa a se abastecer com essas pequenas doses de alegria, algo muda.
O corpo relaxa. O olhar fica mais leve.
A vida volta a ter cor — mesmo que nada externo tenha mudado.
Porque, no fundo, prazer é presença.
E presença é o que nos devolve a nós mesmas.
O Papel do Autoconhecimento na Redescoberta do Prazer
Existe um ponto em que muitas mulheres chegam na vida em que a pergunta não é mais “o que eu devo fazer?”, mas sim:
“o que eu realmente quero?”
E essa resposta, minha querida, só vem de dentro.
Sem escuta interna, não há prazer verdadeiro. Porque o prazer não se aprende em manuais, nem se copia das redes sociais. O que faz bem pra mim pode não fazer sentido pra você. O que te emociona pode passar despercebido para outra pessoa. O prazer é pessoal, íntimo, intransferível — e por isso mesmo tão precioso.
Mas para acessá-lo, é preciso criar espaço.
A vida moderna, com seus mil estímulos, pressões e expectativas, muitas vezes abafa essa escuta. Ficamos cercadas de ruídos externos: opiniões alheias, padrões idealizados, conselhos não solicitados, cobranças de desempenho. E tudo isso nos desconecta do nosso centro.
A menopausa, por mais desafiadora que seja, pode ser uma chance maravilhosa de voltar para esse centro.
De fazer silêncio por dentro.
De pausar.
De olhar com mais verdade para dentro de si.
É aí que o autoconhecimento entra. E quando falo disso, não é sobre grandes rituais ou jornadas espirituais mirabolantes. Falo de ferramentas simples e poderosas, que ajudam a abrir espaço para se ouvir com mais nitidez:
- ✍️ Journaling: escrever sobre como você se sente, o que anda te atravessando, o que te deu prazer no dia ou o que te causou desconforto. Escrever é uma forma de organizar a alma.
- 🧘♀️ Meditação ou silêncio ativo: não precisa ser perfeito, nem longo. Mas parar alguns minutos por dia para respirar com presença já muda a frequência do corpo.
- 💬 Terapias: sou filha de boas terapias e posso dizer com propriedade — quando bem conduzido, esse processo é um divisor de águas. Você começa a reconhecer seus desejos mais profundos, seus padrões inconscientes, suas escolhas automáticas… e aos poucos vai resgatando o que é seu de verdade.
- 🌿 Momentos de solitude com prazer: não é solidão, é estar bem na sua própria companhia. Tomar um café consigo mesma, andar sem rumo, contemplar a natureza.
E tem algo que precisa ser dito com força:
desejo não é egoísmo. Desejo é vida.
É o que nos move. É o que nos conecta com o que pulsa.
Na maturidade, temos a chance de tirar o desejo do lugar da culpa — e colocá-lo no lugar do respeito por si.
Querer mais da vida não é vaidade. É consciência.
É saber que você merece sentir prazer, não só cumprir tarefas.
Porque uma mulher que se conhece, que sabe o que deseja e o que não deseja mais, é uma mulher livre.
E onde há liberdade, o prazer floresce.
Permissão Para o Prazer: Liberar a Culpa e Criar Espaço Interno
Talvez o maior obstáculo ao prazer não seja a falta de tempo, nem os sintomas da menopausa.
Talvez seja a culpa.
Sim, essa sensação silenciosa de que sentir prazer é egoísmo. De que colocar-se em primeiro lugar é “demais”. De que existe sempre algo ou alguém que deveria vir antes de você.
Essa culpa tem raízes profundas.
Fomos educadas para cuidar, servir, doar, manter. E fazer isso com um sorriso.
Então, quando surge o desejo por algo só nosso — uma viagem sozinha, um tempo de descanso, um curso por prazer, um banho mais longo, uma comida feita só pra você — muitas vezes vem o pensamento automático: “será que eu estou sendo egoísta?”
Eu escuto isso com frequência.
E sempre respondo com carinho, mas com firmeza: não é egoísmo, é saúde.
Permitir-se sentir prazer é reconhecer que você também importa.
É lembrar que sua energia precisa ser abastecida — porque ninguém dá de um lugar vazio.
É respeitar o próprio corpo, os próprios ciclos, os próprios limites.
O prazer, nessa fase da vida, é um ato de autocuidado profundo.
Ele traz vitalidade, alinha emoções, melhora o sono, a digestão, o humor. Ele sinaliza para o seu corpo: “estamos vivas, ainda temos muito a experimentar”.
Se colocar no centro da própria vida não é abandonar os outros. É apenas parar de se abandonar.
E para ajudar nesse processo de liberação da culpa e cultivo da permissão interna, aqui vão algumas frases-libertadoras que você pode usar como lembretes diários:
✨ “Cuidar de mim é também uma forma de cuidar de quem amo.”
✨ “Meu prazer sustenta minha energia e minha criatividade.”
✨ “Sou prioridade na minha própria vida.”
✨ “O que me faz bem não precisa ser explicado.”
✨ “É seguro sentir alegria.”
✨ “Não preciso merecer prazer. Eu nasci com esse direito.”
Coloque essas frases no espelho, no fundo do celular, no seu caderno de anotações.
Repita-as até que o seu corpo acredite.
Porque quando a culpa sai de cena, o prazer tem espaço para florescer.
E com ele, vem junto uma versão mais viva, mais inteira, mais real de você mesma.
Viver com Prazer é Viver com Verdade
Quando você se aproxima do que realmente te dá prazer, não está apenas buscando bem-estar.
Está se aproximando da sua verdade.
O prazer verdadeiro — aquele que vem de dentro, que aquece o peito e ilumina o olhar — é uma bússola poderosa. Ele aponta caminhos. Ele mostra o que faz sentido, o que te alimenta, o que te leva pra mais perto de quem você é de verdade.
É por isso que, na prática, viver com prazer é também viver com mais autenticidade.
Porque quando você se escuta, você começa a perceber com mais clareza:
- O que não quer mais tolerar — relações forçadas, ambientes que te drenam, hábitos que não te representam.
- E o que deseja cultivar — leveza, troca verdadeira, propósito, silêncio, criatividade, liberdade.
E aí, as escolhas vão mudando.
Não por obrigação, mas porque seu corpo e sua alma não aceitam mais o que fere sua essência.
Você começa a dizer “sim” com mais presença. E a dizer “não” com mais firmeza.
Você se torna mais seletiva — não por frieza, mas por amor próprio.
E o mais bonito é que esse prazer autêntico transborda.
Ele influencia tudo ao seu redor:
🌿 Nas relações, você se conecta com mais verdade. As conversas ficam mais profundas, os vínculos mais leves. Você sai da obrigação de agradar e entra no espaço da troca real.
🌿 No trabalho, você começa a buscar (ou criar) ambientes que respeitam seu ritmo, que te estimulam, que te dão espaço de expressão. Ou então ressignifica o que faz com mais presença, mais intenção.
🌿 No corpo, você cuida com mais carinho, com menos culpa. Você movimenta o corpo para se sentir viva, e não para caber em padrões. Come para nutrir, e não para compensar.
🌿 Na espiritualidade, você se aproxima de algo maior — não necessariamente religioso, mas conectado ao que te traz paz, sentido, silêncio interior.
Tudo isso é possível.
Tudo isso começa com uma pergunta simples:
“O que me faz bem de verdade?”
E a coragem de, aos poucos, ajustar a vida para que essa resposta vire prática.
Conclusão: O Movimento que Nasce da Alegria
A essa altura, talvez você já tenha percebido: prazer e movimento caminham juntos.
Quando sentimos prazer verdadeiro, algo dentro de nós se movimenta.
A respiração se abre, a energia circula, os olhos brilham, a vontade de viver renasce.
Retomar o prazer não é um luxo da maturidade — é uma necessidade vital.
É o que nos mantém vivas por dentro, mesmo em dias difíceis.
É o que nos ajuda a sair da estagnação, da apatia, da repetição sem alma.
E não precisa ser um salto gigante.
Você pode começar ainda hoje — com um gesto pequeno, mas verdadeiro.
Uma pausa para o silêncio.
Um café tomado com presença.
Um telefonema para alguém que te acolhe.
Uma playlist que te faz sorrir.
Uma escolha alimentar que nutre.
Uma caminhada olhando o céu.
Essas são suas pílulas de felicidade.
Elas não resolvem tudo — mas são combustível diário para manter a alma abastecida de vida.
Aqui no blog, o conceito de movimento vai muito além do corpo.
Movimento é emocional, mental, energético e afetivo.
É quando a gente se escuta.
É quando a gente sente.
É quando a gente se permite viver com mais verdade.
E se você chegou até aqui, talvez esse seja o seu chamado.
De voltar a si.
De resgatar o que ficou pelo caminho.
De redescobrir o que te faz feliz — não como era antes, mas como é hoje.
Com a sabedoria, a liberdade e a profundidade que só a maturidade pode trazer.
Porque, no fim das contas, o que realmente te move é o que te dá alegria.
E a menopausa, longe de ser o fim do prazer, pode ser justamente o recomeço de uma vida com mais sentido, presença e brilho próprio.🌿 Que esse texto tenha sido uma sementinha.
E que você cultive, todos os dias, o prazer de ser quem você é.